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Justiça aponta cartel e manda siderúrgica reduzir preço
Belgo Mineira terá de cobrar valores de 1997, atualizados apenas pela inflação
Cade já havia reconhecido formação de cartel de três companhias; Belgo diz que
vai analisar decisão para decidir suas providências
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais confirmou liminar
da 22ª Vara Cível, de Belo Horizonte, determinando que a siderúrgica Belgo Mineira (Grupo Arcelor) reduza os preços do
vergalhão de aço para construção civil. A decisão beneficia o
grupo Cobraço, autor da ação
que alegou formação de cartel
da Belgo com a Gerdau e a Siderúrgica Barra Mansa (Grupo
Votorantim).
A liminar obriga a Belgo a
vender vergalhões ao preço
praticado em 1997, reajustado
apenas pela inflação do período. A siderúrgica tem ainda como alternativa vender os produtos por preços idênticos aos
das atuais transferências dos
vergalhões para suas filiais e
iguais aos praticados no mercado externo, o que seria um terço daqueles estabelecidos pelas
três empresas. Esses valores
não foram informados.
A decisão levou em consideração, segundo o advogado
Bruno Peixoto, do escritório de
advocacia Lanna Peixoto Advogados, especializado em direito
econômico e antitruste, reconhecimento de cartel pelo Cade
(Conselho Administrativo de
Defesa Econômica).
Em setembro de 2005, o órgão de defesa econômica, ao
julgar processo aberto pela Secretaria de Direito Econômico,
vinculada ao Ministério da Justiça, condenou as três siderúrgicas por formação de cartel no
mercado de vergalhões de aço,
aplicando a elas multa de R$
345 milhões.
Em agosto passado, a Justiça
Federal no Distrito Federal
exigiu da Gerdau da Belgo a
apresentação de fiança bancária de R$ 245 milhões e R$ 75
milhões, respectivamente, para
recorrer da decisão do Cade. A
denúncia contra as siderúrgicas foi feita pelo Sinduscon-SP
(sindicato da construção civil)
e pelo Secovi-SP (sindicato de
imobiliárias e construtoras) em
setembro de 2000.
Ancorada no processo do Cade, a ação contra a Belgo alega
que ela prejudicou a parceria
operacional com a Cobraço: a
siderúrgica estaria ganhando
com o beneficiamento do vergalhão (corte e dobra) feito pela
Cobraço e, ao mesmo tempo,
concorria com o distribuidor ao
fornecer o produto a preços superiores aos que vendia aos
seus clientes diretos.
A Cobraço alega que o cartel
das siderúrgicas impondo divisão de clientes (construtoras e
distribuidoras) e preços combinados e mínimos impediu que
ela conseguisse outro fornecedor -na época, Belgo, Gerdau e
Barra Mansa detinham 93,7%
do mercado nacional .
A Belgo-Arcelor, que ainda
pode recorrer, informou que
"está analisando a decisão do
tribunal, vai interpretá-la e estudar providências".
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