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Vale arremata trecho da Ferrovia Norte-Sul
Única participante de leilão, empresa deu lance mínimo de R$ 1,478 bi pela subconcessão de 720 km da ferrovia por 30 anos
Transporte de grãos será prioridade no corredor ferroviário, diz companhia; parte de trecho deverá ficar pronta apenas em dois anos
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Companhia Vale do Rio
Doce arrematou ontem em leilão a subconcessão do trecho da
Ferrovia Norte-Sul entre Açailândia (MA) e Palmas (TO). O
lance foi de R$ 1,478 bilhão, valor mínimo estipulado.
Com o negócio, a empresa vai
administrar, por 30 anos, 720
km da ferrovia. Dessa extensão,
a Vale já operava, desde 1996,
225 km, entre Açailândia e Estreito, no Estado do Maranhão.
Outros 134 km, já concluídos,
necessitam de um prazo de pelo menos quatro meses antes
de entrar em operação.
O restante do trecho sob concessão deve ser entregue até
2009. As obras ficarão a cargo
da estatal Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A.
Segundo o diretor de logística da Vale do Rio Doce, Eduardo Bartolomeo, o transporte de
grãos será a prioridade da empresa no corredor de cargas.
"Esse é o corredor de maior
crescimento da soja, daí a importância estratégica em explorar esse negócio", afirmou.
Além da soja, a companhia
espera transportar arroz, milho, álcool e açúcar produzidos
na região centro-norte. "Essa
região é onde o crescimento está acontecendo", disse.
De acordo com estimativas
da Vale, deve ser movimentado
neste ano cerca de 1,7 milhão de
toneladas de grãos; para 2013, a
previsão do volume é de 8,8 milhões de toneladas de grãos.
A concessão do trecho da
Ferrovia Norte Sul à Vale já era
esperada, uma vez que a empresa foi a única habilitada a
participar do leilão de ontem.
Além do lance de R$ 1,478 bilhão, a Vale prevê investir R$
66 milhões até 2010 em infra-estrutura (sinalização, oficinas
e postos de abastecimento).
A empresa já opera a Estrada
de Ferro Carajás, a Estrada de
Ferro Vitória a Minas e a Ferrovia Centro Atlântica, de acordo
com a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores
Ferroviários).
Segundo um analista do setor, que pediu para não ser
identificado, o negócio demonstra que a malha ferroviária no Brasil está "demasiadamente concentrada nas mãos de poucas empresas". A Vale
discorda (leia texto abaixo).
Para o diretor-executivo da
ANTF, Rodrigo Vilaça, "ferrovia virou negócio para grandes
empresas" devido ao volume de
investimentos envolvido. "O
problema é que a malha ferroviária ainda é muito pequena."
Atrasos na ferrovia
Lançada em 1986, durante o
governo José Sarney, a Ferrovia Norte-Sul foi concebida inicialmente para ter um traçado
de 1.550 km e cortar os Estados
do Maranhão, do Tocantins e
de Goiás. Tornou-se uma obra
polêmica e chegou a ser batizada como "aquela que ligaria o
nada a lugar nenhum", com
custos previstos de US$ 2,5 bilhões. Em 1987, conforme a Folha revelou na época, comprovou-se fraude na concorrência de empresas que iriam participar da construção da ferrovia.
Após 21 anos, foram concluídos apenas 359 km. Atualmente, segundo informações da Valec, já foram iniciadas obras para a construção de mais 319 km.
Em 2006, a ferrovia foi incluída no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento). A
respeito da sua retomada, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse, em maio, que é "essencial para escoar a safra produzida no Centro-Oeste".
Com a Reuters
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