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Dúvidas ainda cercam pacote aprovado
Lei não deixa claro quais empresas receberão auxílio, como ele será e quando o dinheiro começará a irrigar o sistema
Implementação do plano
"é complicada", resume
Bush ao cumprimentar
seu criador, o secretário
do Tesouro, Henry Paulson
DE WASHINGTON
Aprovado o cheque de até
US$ 700 bilhões para que o governo dos EUA resgate empresas em dificuldades, a primeira
pergunta que economistas e
analistas financeiros fizeram
foi: e agora? Não estão definidas na lei quais serão as empresas auxiliadas, quanto receberão, quando começarão a receber a ajuda e quanto será pago
por seus papéis. A única certeza
é que a lei vige desde ontem.
"Eu acabei de dizer às pessoas no Rose Garden [na Casa
Branca] que é complicado e que
nós vamos garantir que, seja o
que for feito, será de uma maneira deliberativa e efetiva e
que leve em conta os contribuintes", resumiu o presidente
George W. Bush, depois de ir à
sede do Tesouro, vizinha à Casa
Branca, para cumprimentar
seu titular, Henry Paulson.
Ao lado do presidente, o secretário disse que funcionários
do Tesouro já estavam trabalhando nos detalhes para colocar o plano em ação, mas não
foi específico. A lei é propositadamente vaga quanto às empresas que podem ser auxiliadas. Elas não têm de ser necessariamente financeiras nem
mesmo norte-americanas -a
única exigência é que não sejam de propriedade de um governo estrangeiro.
Quanto será pago pelos papéis "podres" também será definido por Paulson e sua equipe,
embora, durante testemunhos
no Congresso, o presidente do
Federal Reserve (Fed, o BC dos
EUA), Ben Bernanke, tenha sugerido que o governo poderá
pagar valor maior do que o preço de mercado como maneira
de recapitalizar as instituições.
"Não há uma solução única
para aliviar o estresse de nosso
sistema financeiro", disse Paulson. "Cada situação será diferente, e nós temos de implementar esses novos programas
com uma estratégia que permita que nos adaptemos às circunstâncias e condições e que
atraia capital privado."
Sobre o prazo para que o plano saia do papel, ele disse: "Nós
vamos agir rápida mas metodicamente para implementar as
novas autoridades. Nos próximos dias vamos trabalhar com
o Fed e o FDIC [órgão que regula a atividade bancária dos
EUA] para desenvolver estratégias que utilizem essas ferramentas". Indagado sobre como
se sentia com a passagem da lei,
respondeu apenas: "Bem".
Antes, o porta-voz Tony
Fratto, da Casa Branca, também evitou detalhes: "Sabemos
que levará certo tempo para
que o programa seja implantado, e eles ainda estão trabalhando sobre como vai acontecer exatamente".
(SÉRGIO DÁVILA)
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