São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Dúvidas ainda cercam pacote aprovado

Lei não deixa claro quais empresas receberão auxílio, como ele será e quando o dinheiro começará a irrigar o sistema

Implementação do plano "é complicada", resume Bush ao cumprimentar seu criador, o secretário do Tesouro, Henry Paulson

DE WASHINGTON

Aprovado o cheque de até US$ 700 bilhões para que o governo dos EUA resgate empresas em dificuldades, a primeira pergunta que economistas e analistas financeiros fizeram foi: e agora? Não estão definidas na lei quais serão as empresas auxiliadas, quanto receberão, quando começarão a receber a ajuda e quanto será pago por seus papéis. A única certeza é que a lei vige desde ontem.
"Eu acabei de dizer às pessoas no Rose Garden [na Casa Branca] que é complicado e que nós vamos garantir que, seja o que for feito, será de uma maneira deliberativa e efetiva e que leve em conta os contribuintes", resumiu o presidente George W. Bush, depois de ir à sede do Tesouro, vizinha à Casa Branca, para cumprimentar seu titular, Henry Paulson.
Ao lado do presidente, o secretário disse que funcionários do Tesouro já estavam trabalhando nos detalhes para colocar o plano em ação, mas não foi específico. A lei é propositadamente vaga quanto às empresas que podem ser auxiliadas. Elas não têm de ser necessariamente financeiras nem mesmo norte-americanas -a única exigência é que não sejam de propriedade de um governo estrangeiro.
Quanto será pago pelos papéis "podres" também será definido por Paulson e sua equipe, embora, durante testemunhos no Congresso, o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Ben Bernanke, tenha sugerido que o governo poderá pagar valor maior do que o preço de mercado como maneira de recapitalizar as instituições.
"Não há uma solução única para aliviar o estresse de nosso sistema financeiro", disse Paulson. "Cada situação será diferente, e nós temos de implementar esses novos programas com uma estratégia que permita que nos adaptemos às circunstâncias e condições e que atraia capital privado."
Sobre o prazo para que o plano saia do papel, ele disse: "Nós vamos agir rápida mas metodicamente para implementar as novas autoridades. Nos próximos dias vamos trabalhar com o Fed e o FDIC [órgão que regula a atividade bancária dos EUA] para desenvolver estratégias que utilizem essas ferramentas". Indagado sobre como se sentia com a passagem da lei, respondeu apenas: "Bem".
Antes, o porta-voz Tony Fratto, da Casa Branca, também evitou detalhes: "Sabemos que levará certo tempo para que o programa seja implantado, e eles ainda estão trabalhando sobre como vai acontecer exatamente". (SÉRGIO DÁVILA)


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