São Paulo, domingo, 04 de novembro de 2007

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Estatal critica estímulo ao gás em veículos

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Petrobras está preocupada com a disseminação do uso de gás natural em veículos. Na avaliação feita na empresa, houve estímulo ao uso sem a preocupação com o aumento da oferta do combustível. "Me preocupo muito com o GNV [Gás Natural Veicular]", disse à Folha Maria das Graças Foster, diretora de Gás da Petrobras.
Na última terça-feira, houve corte parcial do fornecimento de gás para postos no Rio de Janeiro, e alguns motoristas não conseguiram abastecer.
De acordo com a estatal, isso aconteceu porque as distribuidoras do produto estavam vendendo mais gás do que o garantido por contrato com a Petrobras. Quando o suprimento adicional foi cortado pela estatal para abastecer termelétricas, houve falta do produto.
Na avaliação da diretora, os consumidores de gás devem exigir garantias das distribuidoras. "Eles devem pedir um contrato espelho, no qual a distribuidora informe quanto de gás tem contratado com a Petrobras", informou. "Sem isso, a relação do consumidor com a distribuidora fica muito fragilizada."
Segundo ela, o gás excedente - fora dos chamados contratos tipo "firme"- continuaria a ser comercializado, mas em contratos interruptíveis e para consumidores que tivessem flexibilidade de substituir o gás por outro combustível, como óleo.
De acordo com a diretora da Petrobras, o mercado de gás natural no Brasil começou entre 1998 e 1999, quando o gás boliviano começou a ser importado por meio do Gasbol (Gasoduto Brasil-Bolívia). Durante muitos anos, houve excesso de gás e somente em setembro o gasoduto atingiu sua capacidade máxima de transporte, de aproximadamente 30 milhões de m3 de gás por dia.
Foster ratificou o que já havia informado em entrevista coletiva na quarta-feira: o preço do gás terá que subir. Mas informou que os aumentos serão feitos de forma gradual, em um processo de ajuste que deverá durar aproximadamente dois anos.
Ainda de acordo com a diretora, mesmo com os reajustes, o preço do gás continuará competitivo (mais barato) em relação ao óleo.
"O que nos preocupa mais, no momento, é a quantidade de gás descontratada. Para que haja investimentos em novos gasodutos e novas áreas de exploração, é preciso que existam contratos e que o preço do gás reflita o volume de investimentos que precisa ser feito", afirmou. Entre 2008 e 2012, a Petrobras deverá investir US$ 19,2 bilhões para aumentar a oferta de gás.
De acordo com projeções da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) no PDEE (Plano Decenal de Expansão de Energia, versão 2007-2016), a demanda pelo combustível continuará a crescer mais do que a capacidade de o Brasil aumentar a oferta.
Considerando um crescimento econômico médio de 4,9% ao ano até 2016, a oferta de gás em 2016 será de 110,8 milhões de m3 por dia, para uma demanda de 120,3 milhões de m3 por dia.
Isso significa que, sempre que for necessário acionar as termelétricas, faltará gás para outros consumidores.


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