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Estatal critica estímulo ao gás em veículos
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Petrobras está preocupada com a disseminação do
uso de gás natural em veículos. Na avaliação feita na empresa, houve estímulo ao uso
sem a preocupação com o
aumento da oferta do combustível. "Me preocupo muito com o GNV [Gás Natural
Veicular]", disse à Folha
Maria das Graças Foster, diretora de Gás da Petrobras.
Na última terça-feira,
houve corte parcial do fornecimento de gás para postos
no Rio de Janeiro, e alguns
motoristas não conseguiram
abastecer.
De acordo com a estatal,
isso aconteceu porque as
distribuidoras do produto
estavam vendendo mais gás
do que o garantido por contrato com a Petrobras.
Quando o suprimento adicional foi cortado pela estatal para abastecer termelétricas, houve falta do produto.
Na avaliação da diretora,
os consumidores de gás devem exigir garantias das distribuidoras. "Eles devem pedir um contrato espelho, no
qual a distribuidora informe
quanto de gás tem contratado com a Petrobras", informou. "Sem isso, a relação do
consumidor com a distribuidora fica muito fragilizada."
Segundo ela, o gás excedente - fora dos chamados
contratos tipo "firme"-
continuaria a ser comercializado, mas em contratos interruptíveis e para consumidores que tivessem flexibilidade de substituir o gás por
outro combustível, como
óleo.
De acordo com a diretora
da Petrobras, o mercado de
gás natural no Brasil começou entre 1998 e 1999, quando o gás boliviano começou a
ser importado por meio do
Gasbol (Gasoduto Brasil-Bolívia). Durante muitos anos,
houve excesso de gás e somente em setembro o gasoduto atingiu sua capacidade
máxima de transporte, de
aproximadamente 30 milhões de m3 de gás por dia.
Foster ratificou o que já
havia informado em entrevista coletiva na quarta-feira: o preço do gás terá que
subir. Mas informou que os
aumentos serão feitos de
forma gradual, em um processo de ajuste que deverá
durar aproximadamente
dois anos.
Ainda de acordo com a diretora, mesmo com os reajustes, o preço do gás continuará competitivo (mais barato) em relação ao óleo.
"O que nos preocupa mais,
no momento, é a quantidade
de gás descontratada. Para
que haja investimentos em
novos gasodutos e novas
áreas de exploração, é preciso que existam contratos e
que o preço do gás reflita o
volume de investimentos
que precisa ser feito", afirmou. Entre 2008 e 2012, a
Petrobras deverá investir
US$ 19,2 bilhões para aumentar a oferta de gás.
De acordo com projeções
da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) no PDEE
(Plano Decenal de Expansão
de Energia, versão 2007-2016), a demanda pelo combustível continuará a crescer
mais do que a capacidade de
o Brasil aumentar a oferta.
Considerando um crescimento econômico médio de
4,9% ao ano até 2016, a oferta de gás em 2016 será de
110,8 milhões de m3 por dia,
para uma demanda de 120,3
milhões de m3 por dia.
Isso significa que, sempre
que for necessário acionar as
termelétricas, faltará gás para outros consumidores.
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