São Paulo, quarta, 4 de novembro de 1998

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COMÉRCIO
Carnês atrasados caem 36,5%
Consumidor paga dívidas em atraso

FÁTIMA FERNANDES
da Reportagem Local

Duas boas notícias para o comércio paulista em outubro. O número de carnês em atraso diminuiu. Ao mesmo tempo, aumentou o volume de carnês com prestações atrasadas que foram pagas.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) registrou no mês passado 311.730 carnês em atraso, 36,5% menos do que em setembro e 5,9% menos do que em outubro do ano passado.
O volume de carnês com prestações em atraso que foram pagas no mês passado -250.075- cresceu 1,9% sobre setembro e 54,3% sobre outubro do ano passado.
Marcel Solimeo, economista da associação, diz que a redução da inadimplência e o aumento do pagamento das prestações atrasadas eram previstos em outubro.
Em setembro, diz ele, com a alta dos juros as empresas acabaram despejando no Serviço Central de Proteção ao Crédito todo o volume de carnês em atraso, até mesmo os que estavam sendo negociados com os clientes.
Resultado: o número de carnês em atraso foi recorde, próximo de 492 mil. "Foi um crescimento atípico. Assim, esperávamos uma diminuição da inadimplência", diz Solimeo. Quanto ao pagamento de carnês em atraso, afirma, o aumento se deve à chegada do final do ano, quando o consumidor quer ter o nome limpo para voltar a comprar a crédito.
"A inadimplência continua alta", diz Solimeo. De janeiro a outubro, foram registrados 3,935 milhões de carnês em atraso, 51,9% mais do que em igual período de 97.
Samuel Klein, proprietário da Casas Bahia, informa que a inadimplência na sua rede de lojas está estabilizada desde 97 e representa cerca de 6% das vendas a prazo.
"Mas é fato que nesta época do ano os fregueses com prestações em atraso procuram as lojas para quitar as dívidas e voltar a comprar."
Segundo ele, o consumidor não quer mais saber de fazer dívidas para pagar em prazos longos, o que é um sinal de que está bem mais cauteloso na hora de comprar a crédito. A Casas Bahia vende agora em até oito vezes.

Preferência
Pelo levantamento da ACSP, o pagamento à vista ou com cheques pré-datados vem ganhando a preferência dos consumidores.
Em outubro, as consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), termômetro das vendas a prazo, caíram 12% em relação a igual mês de 97 e cresceram 11% sobre setembro deste ano. As consultas ao Telecheque, indicador das vendas à vista, subiram 5% e 9,5%, respectivamente, no período.
Para Solimeo, as vendas a prazo em outubro só foram melhores do que as de setembro por causa do Dia da Criança. "O consumo continua fraco."
Klein diz que está esperando um Natal parecido com o do ano passado. A rede espera fechar o ano com faturamento de R$ 2,4 bilhões, igual ao de 97.



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