São Paulo, quarta, 4 de novembro de 1998

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MERCADO FINANCEIRO

Bolsa sobe 6,55%; US$ 90 mi saem do país

da Reportagem Local

A expectativa de votação dos três últimos destaques da reforma da Previdência e da ajuda do FMI ao país fez a Bolsa de Valores de São Paulo subir ontem 6,55%, depois de alta de 7,78% na sexta-feira.
Nicolas Balafas, diretor do Banco Nacional de Paris, notou ordem de compra de estrangeiros.
"O mercado está de bom humor e dá uma trégua ao Brasil", diz Carlos Eduardo Uchôa, da Liberal Asset Management.
Segundo Uchôa, há a certeza hoje entre os investidores de que os Estados Unidos não vão deixar o Brasil quebrar. A boa disposição dos países ricos em injetar US$ 90 bilhões no FMI mudou "a percepção do risco Brasil".
Uchôa cita como exemplo disso a diferença entre as taxas de juros pagas pelos títulos da dívida externa. O IDU, de vencimento médio em janeiro de 2001, pagava ontem 17% de juros ao ano. O C-bond, de vencimento mais longo (por volta de abril de 2014), 15%, uma diferença de dois pontos percentuais.
Para o mercado, o risco de moratória da dívida externa continua maior no curto prazo do que no longo. Em situações normais, o C-bond paga mais do que o IDU.
Mas, o risco de moratória do Brasil no curto prazo hoje é bem menor no que no auge da crise da Rússia, quando o IDU chegou a pagar juros sete pontos maiores do que os do C-bond.
O Banco Central vendeu ontem títulos da dívida interna: R$ 3 bilhões de Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), que rendem juros que variam de acordo com o over, o mercado por um dia. Os bancos pagaram ágio de R$ 0,364 no mínimo e de R$ 0,455 na média por cada papel no valor de R$ 1.000.
O mercado pediu "hedge" (proteção) contra a desvalorização do câmbio e o BC atendeu. Hoje, fará leilão extra de R$ 600 milhões de Notas do Banco Central da série E, títulos que pagam correção cambial. O vencimento é no dia 17 de janeiro de 99.
O Banco Central voltou a atuar no over e subiu as taxas de juros, de 42,60% ao ano para 42,70%. Com o aumento, procura tornar os investimentos em reais mais atrativos e segurar os dólares que não param de sair do país.
Ontem, o fluxo havia sido negativo em US$ 163 milhões pelo dólar comercial e positivo em US$ 70 milhões pelo flutuante (segmento do dólar turismo).
(CRISTIANE PERINI LUCCHESI)


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