São Paulo, Sábado, 04 de Dezembro de 1999


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CRIME
Edmond, banqueiro, morre asfixiado após seu apartamento ter sido incendiado por pessoas encapuzadas
Safra é assassinado em Mônaco

Associated Press
O banqueiro Edmond Safra, morto ontem em Mônaco


FÁTIMA GIGLIOTTI
enviada especial a Mônaco

Ontem, às 7h15 (4h15, horário de Brasília), no banheiro do seu quarto do apartamento de cobertura situado no sexto andar do prédio Belle Epoque, em Montecarlo, Mônaco, foi encontrado morto, por asfixia, o banqueiro Edmond Safra, 67.
Junto a seu corpo, estava o da enfermeira Viviane Torrent. O apartamento do banqueiro, situado à avenida d'Ostende, 17, com vista total para o mar Mediterrâneo, foi totalmente destruído por um incêndio criminoso. Mas nada foi roubado.
O procurador-geral de Mônaco, Daniel Serdet, afirmou no final da tarde, após obter o resultado da autópsia dos corpos de Safra e Tourrent, que será aberta uma informação judicial (similar a um inquérito) na segunda-feira para investigar o crime.
Ele disse que, por enquanto, todas as hipóteses são possíveis, mas confirmou tratar-se de um homicídio criminoso.
A mulher do banqueiro, Lily Safra, que estava no apartamento na hora do incêndio, foi socorrida a tempo porque estava na outra extremidade da ampla propriedade. Sua filha do primeiro casamento, Adriana, estava na cidade, mas ausente de casa.
As condições do crime estão cercadas de mistério. A polícia de Mônaco recebeu um chamado às 5h, do enfermeiro de Safra, comunicando que teria sido agredido por duas pessoas armadas com facas e vestindo capuzes. Ele estava na sala da enfermaria, situada ao lado do quarto do banqueiro.
Recebeu três golpes de faca, dois na perna e um no abdômen, e está internado no Hospital Grace Kelly, fora de perigo e sob vigilância da polícia local, na condição de testemunha. Seu nome não foi revelado.
O enfermeiro não soube dizer, em depoimento à polícia, como o incêndio começou nem como seus agressores deixaram o local. Quando a polícia tomou conhecimento do incêndio - ainda não se sabe de que maneira- o corpo de bombeiros foi acionado. Chegou-se a considerar a hipótese de sequestro, e homens da Força Especial foram enviados ao local.
Os bombeiros só puderam encontrar os corpos de Safra e Torrent às 7h30, em função da fumaça que atrapalhava os trabalhos. A porta do banheiro estava trancada. A autópsia revelou que as mortes foram causadas por asfixia, e não havia qualquer sinal de agressão nos dois corpos.
O apartamento ficava na cobertura de um prédio comercial, sendo que no térreo funcionam duas agências de dois grandes bancos, o francês Paribas, e o Republic National Bank of New York, do qual o banqueiro é presidente. O prédio possui sistemas de segurança reforçados.
"Nós não sabemos como as duas pessoas chegaram e saíram do apartamento, nem o tipo de combustível que usaram para dar início ao incêndio, mas recuperamos a arma que feriu o enfermeiro", declarou Serdet.
Ele afirmou ainda que o apartamento de Safra também tinha um sistema de segurança sofisticado, com portas blindadas. E declarou que o banqueiro tinha um segurança, que estava ausente no momento da agressão e do incêndio. "Mas ele já foi identificado e nós vamos ouvi-lo como testemunha", disse o procurador. O nome do segurança, por medida de segurança, será mantido em sigilo.
Serdet afirmou que irá utilizar no processo de investigação as câmeras de vídeo do prédio e das ruas. "Nós temos um sistema de segurança da cidade, inteiramente vigiada por câmeras instaladas nas ruas, nos túneis", revelou.
O procurador disse não saber o motivo do crime. "Nós sabemos que ele era muito rico, mas não temos conhecimento de que estivesse sofrendo nenhuma espécie de ameaça."
Há muitas perguntas no ar. Como duas pessoas conseguem entrar num prédio -e chegar ao sexto andar-, com sistemas de segurança tão requintados, numa das cidades mais bem protegidas do mundo? Por que não roubam nada? O que estaria fazendo o segurança?
Serdet informou que o último homicídio ocorrido em Mônaco foi em 1986. "Nós suspeitamos que tenha sido um assassinato encomendado, mas os autores e a razão do crime permanecem desconhecidos até hoje."


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