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DRAGÃO ADORMECIDO
Taxa dos últimos 12 meses até novembro cai para 9,69%, segundo a Fipe; ano deve fechar com 8%
Inflação volta a um dígito em São Paulo
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A taxa de inflação acumulada
em 12 meses na cidade de São
Paulo ficou abaixo de 10% pela
primeira vez neste ano. Nos últimos 12 meses até novembro, os
preços subiram 9,69% para os
paulistanos, taxa próxima dos
9,90% de dezembro de 2002, até
então o último índice de inflação
inferior a 10%.
Essa queda da taxa anual mostra a continuidade da redução da
inflação neste final de ano, afirma
Juarez Rizzieri, economista e assistente de coordenação do Índice
de Preços ao Consumidor da Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas).
No mês passado, a inflação recuou para 0,27%, bem abaixo do
0,63% de outubro e do 0,84% de
setembro. Para este mês, o economista da Fipe prevê taxa próxima
de 0,20%, o que deixaria a inflação
do ano em 8%.
O cenário mostrado pela inflação "é muito bom", diz Rizzieri.
Os alimentos estão em queda e
acabou o efeito das tarifas e preços administrados sobre o índice.
"Entre os alimentos, houve quedas expressivas nos preços do
frango, açúcar, feijão e ovos. O
único produto que destoa um
pouco é o óleo de soja, que subiu
6,25%", diz ele.
A alta do óleo é resultado da valorização da soja em grãos no
mercado internacional devido à
forte demanda chinesa e à quebra
da safra nos Estados Unidos. Os
preços devem continuar elevados.
A inflação deste mês será provocada pelos preços livres, diz Rizzieri. Loterias, telefone, condomínio e energia elétrica -itens que
somaram 74% da taxa de novembro- não terão mais influência
neste e nos próximos meses.
Apesar de dezembro ser um período de aumento nas vendas, o
economista da Fipe não acredita
em pressão de preços. As empresas estão querendo se desfazer de
estoques e, ao contrário do que se
previa, alguns produtos estão em
queda, mostrando que a demanda não está acelerada.
Mas, se o comércio vender bem
neste fim de ano, será um bom negócio para a indústria nos primeiros meses de 2004. O comércio
desova estoques, faz novas encomendas e a indústria segura o nível de emprego.
A inflação não será mais o problema da economia nos próximos
meses -a taxa anual vai continuar caindo e ficará em 5,5% em
2004. O problema é que o país
controlou a inflação, mas comprometeu a evolução industrial e
o emprego com uma política de
juros elevados, diz Rizzieri.
Queda na FGV
O Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas
referente a São Paulo também
mostrou desaceleração. Os preços
subiram apenas 0,05% em novembro e 0,28% em outubro.
Assim como a Fipe, a FGV mostrou que as maiores pressões vieram de jogos lotéricos (68,39%) e
as principais quedas, dos alimentos (menos 0,24%). A FGV também registra inflação de um dígito
nos últimos 12 meses, com a taxa
recuando para 9,66%. A inflação
acumulada do ano é de 7,6%.
As diferenças das taxas entre a
Fipe e a FGV se devem à metodologia e aos locais de pesquisa. A
faixa de renda pesquisada pela Fipe (até 20 salários mínimos) e pela FGV (até 33) também justifica a
desigualdade das taxas. Em um
período mais longo, no entanto,
como nos últimos 12 meses, as taxas ficam muito próximas.
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