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São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

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DRAGÃO ADORMECIDO

Taxa dos últimos 12 meses até novembro cai para 9,69%, segundo a Fipe; ano deve fechar com 8%

Inflação volta a um dígito em São Paulo

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A taxa de inflação acumulada em 12 meses na cidade de São Paulo ficou abaixo de 10% pela primeira vez neste ano. Nos últimos 12 meses até novembro, os preços subiram 9,69% para os paulistanos, taxa próxima dos 9,90% de dezembro de 2002, até então o último índice de inflação inferior a 10%.
Essa queda da taxa anual mostra a continuidade da redução da inflação neste final de ano, afirma Juarez Rizzieri, economista e assistente de coordenação do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
No mês passado, a inflação recuou para 0,27%, bem abaixo do 0,63% de outubro e do 0,84% de setembro. Para este mês, o economista da Fipe prevê taxa próxima de 0,20%, o que deixaria a inflação do ano em 8%.
O cenário mostrado pela inflação "é muito bom", diz Rizzieri. Os alimentos estão em queda e acabou o efeito das tarifas e preços administrados sobre o índice. "Entre os alimentos, houve quedas expressivas nos preços do frango, açúcar, feijão e ovos. O único produto que destoa um pouco é o óleo de soja, que subiu 6,25%", diz ele.
A alta do óleo é resultado da valorização da soja em grãos no mercado internacional devido à forte demanda chinesa e à quebra da safra nos Estados Unidos. Os preços devem continuar elevados.
A inflação deste mês será provocada pelos preços livres, diz Rizzieri. Loterias, telefone, condomínio e energia elétrica -itens que somaram 74% da taxa de novembro- não terão mais influência neste e nos próximos meses.
Apesar de dezembro ser um período de aumento nas vendas, o economista da Fipe não acredita em pressão de preços. As empresas estão querendo se desfazer de estoques e, ao contrário do que se previa, alguns produtos estão em queda, mostrando que a demanda não está acelerada.
Mas, se o comércio vender bem neste fim de ano, será um bom negócio para a indústria nos primeiros meses de 2004. O comércio desova estoques, faz novas encomendas e a indústria segura o nível de emprego.
A inflação não será mais o problema da economia nos próximos meses -a taxa anual vai continuar caindo e ficará em 5,5% em 2004. O problema é que o país controlou a inflação, mas comprometeu a evolução industrial e o emprego com uma política de juros elevados, diz Rizzieri.

Queda na FGV
O Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas referente a São Paulo também mostrou desaceleração. Os preços subiram apenas 0,05% em novembro e 0,28% em outubro.
Assim como a Fipe, a FGV mostrou que as maiores pressões vieram de jogos lotéricos (68,39%) e as principais quedas, dos alimentos (menos 0,24%). A FGV também registra inflação de um dígito nos últimos 12 meses, com a taxa recuando para 9,66%. A inflação acumulada do ano é de 7,6%.
As diferenças das taxas entre a Fipe e a FGV se devem à metodologia e aos locais de pesquisa. A faixa de renda pesquisada pela Fipe (até 20 salários mínimos) e pela FGV (até 33) também justifica a desigualdade das taxas. Em um período mais longo, no entanto, como nos últimos 12 meses, as taxas ficam muito próximas.


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