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Ancine perde poder no projeto sobre TV paga
Texto aprovado na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara exclui previsão de que agência faria classificação de faixa etária
Projeto que libera a TV paga para as teles terá cinco destaques votados pela mesma comissão da
Câmara na próxima semana
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
A Ancine (Agência Nacional
de Cinema) perdeu poder na
versão do projeto de lei 29
aprovado anteontem na Comissão de Ciência, Tecnologia,
Comunicação e Informática da
Câmara. O projeto autoriza as
companhias telefônicas a oferecer TV paga por suas redes.
O projeto ainda pode sofrer
mudanças na semana que vem,
quando a mesma comissão votará cinco destaques, que não
foram examinados anteontem.
Poder excessivo
O relator do projeto, deputado Paulo Lustosa (PMDB-CE),
modificou o texto horas antes
da votação porque alguns radiodifusores consideravam que
o projeto dava poder excessivo
à Ancine sobre a produção e a
comercialização de conteúdo
nacional para a TV paga.
""O poder atribuído à Ancine
virou foco de reclamações",
disse Lustosa. Duas semanas
atrás, na busca por consenso
com as operadoras de TV por
assinatura, ele havia feito mudanças, como no artigo que dava à agência poder para definir
o tempo de publicidade nos canais pagos.
Para atender as emissoras,
notadamente a Globo, segundo
o relator, foi retirada do texto a
previsão de que a Ancine faria a
classificação da faixa etária dos
programas -a atribuição volta
para o Ministério da Justiça.
Segundo o relator, foram feitas dez modificações relativas à
Ancine para viabilizar a aprovação, anteontem.
Dois destaques, apresentados pelo deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC), modificarão substancialmente o projeto
se forem aprovados, na semana
que vem.
Um propõe a supressão do
capítulo 5, que estabelece o sistema de cotas para exibição de
conteúdos produzidos no Brasil. O outro propõe a eliminação do capítulo 6, que trata do
fomento à produção de audiovisual nacional.
Um destaque que irá à votação, apresentado pelo deputado Sandes Júnior (PP-GO),
propõe que a União compense
as operadoras de TV paga por
exibirem os canais públicos, como TV Senado, TV Justiça e canal comunitário.
Ele propõe que as empresas
possam deduzir no Imposto de
Renda o custo da exibição, como ocorre com o horário eleitoral gratuito na TV aberta.
O deputado Sandes Júnior
disse à Folha que apresentou o
destaque a pedido da ABTA
(Associação Brasileira de TV
por Assinatura).
Reação
O PL 29 tramita na Câmara
desde fevereiro de 2007 e sua
aprovação na Comissão de
Ciência e Tecnologia foi considerada um passo importante
pelas empresas.
O presidente da Abert (Associação Brasileira das Emissoras
de Rádio e Televisão), Daniel
Slaviero, disse que todos os
pontos defendidos pela entidade e de consenso entre os radiodifusores foram atendidos.
A ABTA ainda considera excessivo o papel atribuído à Ancine. ""Ela pode interferir em
questões substantivas, como a
regulação das empacotadoras
de canais e programadoras",
afirma Alexandre Annemberg,
presidente-executivo da entidade.
As companhias telefônicas,
principais interessadas, avaliam que o texto ""é o mais próximo possível do que seria adequado para atrair novos investidores", mas que há questões a
serem resolvidas no Senado,
segundo declara João de Deus,
vice-presidente da Abrafix (associação das teles fixas).
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