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CONJUNTURA
Medida foi adotada pelos 11 países que terão moeda única em 1999
Europa reduz juros para estimular o crescimento
das agências internacionais
Os 11 países da Europa que vão
adotar o euro, a moeda única, surpreenderam ontem o mercado internacional ao anunciar um corte
conjunto de suas taxas de juros de
curto prazo para 3% ao ano -com
exceção da Itália, que reduziu de
4% para 3,5% ao ano.
A iniciativa partiu dos bancos
centrais da Alemanha e da França,
cujos juros servem de referência
para os demais países da região.
Ambos adotavam taxas de 3,3%.
Pouco minutos depois, Irlanda,
Finlândia, Holanda, Bélgica, Áustria, Espanha, Luxemburgo e Portugal divulgaram também uma redução nos juros, que chegavam antes a até 3,75%. É a primeira vez
que os dez países possuem uma taxa de juros comum.
O presidente do Banco Central
da Alemanha, Hans Tietmeyer,
afirmou que a decisão de ontem foi
tomada com o objetivo de baratear
os custos do crédito e, assim, combater uma perspectiva econômica
"nublada" para a economia da região.
Na terça-feira, o presidente do
Banco Central Europeu, Wim Duisenberg, afirmara que estava certo
de que, em virtude da crise mundial, o crescimento da zona do euro se limitará a 2,5% em 99, contra
a taxa de 3% prevista para este ano.
Em comunicado oficial, o Banco
Central Europeu, que será responsável pelos juros nos países que
vão adotar o euro, divulgou que a
taxa de 3% será a inicial da zona do
euro.
Após os três cortes de juros nos
EUA desde o último dia 29 de setembro -que levaram as taxas
norte-americanas a uma queda de
0,75 ponto percentual e chegar a
4,75% ao ano-, esperava-se que a
Europa fizesse o mesmo.
O próprio diretor-gerente do
FMI, Michel Camdessus, havia advertido que os riscos de uma recessão "não estão totalmente dissipados" e afirmara que um corte nos
juros europeus seria bem-vindo
no atual cenário de crise econômica global.
Autoridades financeiras da Europa divergiam, no entanto, a respeito de um eventual corte nos juros. Um dos defensores da medida,
o novo ministro das finanças da
Alemanha, Oskar Lafontaine, afirma que uma redução nos juros deverá estimular a economia e ajudará a diminuir o desemprego, um
dos maiores problemas enfrentados hoje pela região.
O Bundesbank, o banco central
alemão, resistia à idéia por temer
que a redução pudesse comprometer a estabilidade dos preços. "Essa
decisão não está influenciada por
pressões políticas", afirmou ontem Tietmeyer, dirigente do Bundesbank, que é independente.
Analistas não apostavam que a
Europa cortasse seus juros em tão
poucos tempo. Alguns previam
uma redução no dia 22 deste mês
ou somente no primeiro trimestre
do próximo ano.
A decisão de reduzir os juros foi
possível principalmente em virtude de os países da região estarem
conseguindo manter o controle da
inflação -em outubro, o aumento
dos preços foi, na média, de 1%.
Tietmeyer afirmou que a decisão
de ontem também contribui para
eliminar a incerteza quanto à redução das taxas.
Analistas dizem que os países europeus que não adotarão o euro
em 99 deverão cortar seus juros.
No Reino Unido, por exemplo,
uma nova redução pode ocorrer na
próxima semana, afirmam alguns
especialistas.
Tanto o dirigente do Bundesbank quanto o presidente do Banco da França, Jean-Claude Trichet,
afirmaram que os governos não
devem usar as taxas menores como desculpa para postergar reformas estruturais necessárias.
As Bolsas de Valores da região
reagiram com otimismo e fecharam com ganhos de cerca de 2%.
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