São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2004

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MERCADO FINANCEIRO

Baixa da moeda norte-americana fez fundos terminarem o ano com perdas que superaram 15%

Queda do dólar coloca fundo no vermelho

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com a quebra de vários recordes na Bolsa de Valores e juros em níveis altíssimos, há investidores que terminaram 2003 amargando altos prejuízos no mercado financeiro.
Vedete do ano retrasado, o dólar se tornou o pesadelo de muitos investidores. A queda expressiva da moeda norte-americana diante do real levou fundos de investimento que têm o dólar como parâmetro a terminarem entre as piores aplicações do ano, com perdas superiores a 15%.
Depois de a moeda estrangeira encostar nos R$ 4 e encerrar 2002 com valorização de 53%, muita gente procurou os fundos cambiais acreditando que a trajetória de alta seguiria. Mas o dólar terminou 2003 com desvalorização de 18,1% diante do real, o que fez muita gente perder dinheiro.
Entre os dez fundos de investimento aberto que apresentaram os piores retornos do mercado em 2003 (até o dia 18 de dezembro), sete acompanharam de perto a oscilação do dólar, como mostram dados do site Fortuna.
Um dos fundos que mais perderam no ano, o Real Faq Cambial, acumulou no período queda de 18,8%. Em números, isso significa que um investidor que colocou R$ 10 mil no fim de 2002 na aplicação, encerrou 2003 com apenas R$ 8.120.
Se forem levados em consideração os fundos exclusivos -destinados a clientes institucionais e grandes investidores-, o resultado negativo de alguns é muito pior. Essas aplicações são fechadas: o investimento nelas é restrito a quem abriu os fundos.
O fundo Fórmula XVI, por exemplo, apresentou queda acumulada de 99,99% no ano. Isso significa que se uma pessoa tivesse aplicado R$ 10 mil nesse fundo no último dia de 2002 chegaria ao fim de 2003 só com R$ 1,00. O Citibank, que responde pela custódia e controladoria desse fundo, afirma que a gestão dele é terceirizada e não é possível identificar quem a faz.
"Somente o gestor sabe exatamente o que acontece com um fundo desses. Não dá para saber em que papéis aplicou, qual foi o maior erro ou o por quê de perdas tão expressivas", afirma Marcelo D'Agosto, sócio do site Fortuna.

Riscos
Os analistas afirmam que os fundos exclusivos são, no geral, mais arriscados, pois buscam dar resultados diferentes da média oferecida pelo mercado financeiro. Da mesma forma que podem render muito mais que um fundo mais tradicional, como um de renda fixa, podem acabar fazendo com que o dinheiro do investidor evapore.
Os fundos exclusivos são abertos e encerrados com facilidade, pois possuem só um cotista e não precisam realizar assembléia para baixar as portas. Com isso, insatisfeito com a administração da carteira ou em busca de outra política de investimento, o investidor saca todo o recurso e o fundo é fechado.
Grande parte desses fundos é de multimercados, podendo aplicar em papéis que seguem juros, câmbio e ações.

Comparações
O ganho da Bovespa em 2003 foi o melhor desde 1999. Um investidor que aplicou em uma carteira teórica igual ao Ibovespa acumulou rentabilidade de 97,3%.
Apesar de mais modesto, um fundo de renda fixa -que acompanha a variação dos juros e é formado principalmente por títulos públicos- teve ganho em torno de 23% no ano passado.
Mas, para quem perdeu dinheiro no mercado no ano, até mesmo a rentabilidade discreta da caderneta de poupança, que ficou em 11%, parece interessante.


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