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MERCADO FINANCEIRO
Baixa da moeda norte-americana fez fundos terminarem o ano com perdas que superaram 15%
Queda do dólar coloca fundo no vermelho
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com a quebra de vários
recordes na Bolsa de Valores e juros em níveis altíssimos, há investidores que terminaram 2003
amargando altos prejuízos no
mercado financeiro.
Vedete do ano retrasado, o dólar se tornou o pesadelo de muitos
investidores. A queda expressiva
da moeda norte-americana diante do real levou fundos de investimento que têm o dólar como parâmetro a terminarem entre as
piores aplicações do ano, com
perdas superiores a 15%.
Depois de a moeda estrangeira
encostar nos R$ 4 e encerrar 2002
com valorização de 53%, muita
gente procurou os fundos cambiais acreditando que a trajetória
de alta seguiria. Mas o dólar terminou 2003 com desvalorização
de 18,1% diante do real, o que fez
muita gente perder dinheiro.
Entre os dez fundos de investimento aberto que apresentaram
os piores retornos do mercado
em 2003 (até o dia 18 de dezembro), sete acompanharam de perto a oscilação do dólar, como
mostram dados do site Fortuna.
Um dos fundos que mais perderam no ano, o Real Faq Cambial,
acumulou no período queda de
18,8%. Em números, isso significa
que um investidor que colocou
R$ 10 mil no fim de 2002 na aplicação, encerrou 2003 com apenas
R$ 8.120.
Se forem levados em consideração os fundos exclusivos -destinados a clientes institucionais e
grandes investidores-, o resultado negativo de alguns é muito
pior. Essas aplicações são fechadas: o investimento nelas é restrito a quem abriu os fundos.
O fundo Fórmula XVI, por
exemplo, apresentou queda acumulada de 99,99% no ano. Isso
significa que se uma pessoa tivesse aplicado R$ 10 mil nesse fundo
no último dia de 2002 chegaria ao
fim de 2003 só com R$ 1,00. O Citibank, que responde pela custódia e controladoria desse fundo,
afirma que a gestão dele é terceirizada e não é possível identificar
quem a faz.
"Somente o gestor sabe exatamente o que acontece com um
fundo desses. Não dá para saber
em que papéis aplicou, qual foi o
maior erro ou o por quê de perdas
tão expressivas", afirma Marcelo
D'Agosto, sócio do site Fortuna.
Riscos
Os analistas afirmam que os
fundos exclusivos são, no geral,
mais arriscados, pois buscam dar
resultados diferentes da média
oferecida pelo mercado financeiro. Da mesma forma que podem
render muito mais que um fundo
mais tradicional, como um de
renda fixa, podem acabar fazendo
com que o dinheiro do investidor
evapore.
Os fundos exclusivos são abertos e encerrados com facilidade,
pois possuem só um cotista e não
precisam realizar assembléia para
baixar as portas. Com isso, insatisfeito com a administração da
carteira ou em busca de outra política de investimento, o investidor saca todo o recurso e o fundo
é fechado.
Grande parte desses fundos é de
multimercados, podendo aplicar
em papéis que seguem juros,
câmbio e ações.
Comparações
O ganho da Bovespa em 2003 foi
o melhor desde 1999. Um investidor que aplicou em uma carteira
teórica igual ao Ibovespa acumulou rentabilidade de 97,3%.
Apesar de mais modesto, um
fundo de renda fixa -que acompanha a variação dos juros e é formado principalmente por títulos
públicos- teve ganho em torno
de 23% no ano passado.
Mas, para quem perdeu dinheiro no mercado no ano, até mesmo
a rentabilidade discreta da caderneta de poupança, que ficou em
11%, parece interessante.
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