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COMÉRCIO EXTERIOR
Vendas externas do setor automotivo chegaram a US$ 10,7 bi, contra US$ 9,8 bilhões da commodity
Exportações de carros superam as de soja
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
As exportações do complexo
automotivo (veículos, peças de
montadoras, autopeças e outros)
suplantaram, pelo segundo ano
consecutivo, as vendas externas
do complexo soja (soja em grão,
farelo de soja e óleo).
Com base em dados do Ministério do Desenvolvimento e em
projeções próprias, a consultoria
Tendências concluiu que, em
2004, as vendas externas do setor
automotivo chegaram a US$ 10,7
bilhões, contra US$ 9,8 bilhões da
soja.
Segundo a Anfavea (Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as montadoras de automóveis registraram
um crescimento de 45% nas exportações em 2004, chegando a
uma cifra de US$ 8 bilhões.
Na avaliação da entidade, a
agressividade das empresas em
conquistar novos mercados
-são mais de cem hoje- foi
uma das razões para o crescimento. A consolidação dos acordos
comerciais com o Chile e com o
México também ajudaram a impulsionar as vendas. Caminhões,
ônibus e máquinas agrícolas foram os principais produtos.
Para Frederico Estrella, analista
da Tendências, o desempenho do
complexo automotivo em 2004
está inserido no contexto de aumento das vendas externas de
bens manufaturados. Olhando
para o desempenho em dólares,
nota-se que a fatia das vendas de
bens manufaturados no total das
exportações brasileiras teve uma
alta discreta em 2004 ante 2003.
Em 2004, a participação ficou em
54,9%. No ano anterior, 54,3%. Os
dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento na
última segunda-feira. Mas houve
um acréscimo de 33,5% no total
exportado pelo segmento. De
acordo com a Tendências, aviões,
máquinas de terraplanagem e tratores foram os itens vendidos que
alavancaram o resultado dos bens
manufaturados.
Quanto ao "quantum" (volume) de exportação desses produtos, houve alta de 22,6% entre janeiro e novembro de 2004 contra
o mesmo período de 2003. "Essa é
uma evolução positiva que mostra a busca pela diversificação da
pauta e a incorporação de novos
produtos", disse Estrella.
Cenários
Apesar do avanço dos produtos
manufaturados, a soja e os demais
produtos básicos ainda vão manter a importância na pauta exportadora brasileira.
Segundo Glauco Carvalho, da
MB Associados, há, em 2005, uma
expectativa de queda nos preços
dos produtos agrícolas. A soja,
diz, poderia perder US$ 1 bilhão
em receitas. Há quem diga, porém, que pode até haver um aumento de receitas no complexo
soja neste ano em decorrência de
uma redução na safra americana
no segundo semestre deste ano.
Uma recuperação dos preços da
oleaginosa elevaria as receitas do
complexo soja.
A Anfavea não se arrisca a estimar mais um ano de ganhos do
complexo automotivo acima daqueles registrados pela soja. Para
a associação, deve haver um incremento das exportações de 7%.
Mais do que um cenário favorável no mercado internacional, o
desempenho do mercado interno
será o principal condicionante do
fôlego das vendas externas do segmento automotivo. Para a Anfavea, sem uma demanda doméstica mais robusta -a previsão de
crescimento para 2005 é de 7%-
não haverá lastro para os investimentos já realizados para dar
competitividade para o parque
industrial. Mais: sem a sinalização
de que os consumidores brasileiros estão dispostos a comprar carros, os investimentos estrangeiros
no setor não irão se concretizar. O
resultado seria um declínio no
potencial de exportação do setor.
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