São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

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MERCADO ABERTO

Eleições afetarão economia, diz Leme

Apesar das apostas em contrário, as eleições presidenciais devem provocar incertezas na economia e agitar o mercado financeiro neste ano, segundo o economista Paulo Leme, da Goldman Sachs. A seu ver, as turbulências não devem ser tão fortes como as de 2002, mas, mesmo assim, suficientes para assustar o investidor, tanto o nacional como o estrangeiro.
Leme diz que, apesar de o medo de Lula não ser tão grande como em 2002, a disputa pelo poder sempre gera incertezas, o que inibe o apetite do investidor para o risco. Ele considera também muito alta a probabilidade de um candidato do PSDB ganhar do PT, o que, para ele, é um fator positivo para o mercado, mas, ainda assim, as eleições vão provocar alguma mexida no mercado, especialmente no segundo e terceiro trimestres.
O problema, de acordo com o economista, é que, na campanha, devem vir à tona uma série de escândalos, tanto de um lado como de outro, que podem trazer volatilidade para o mercado e, assim, mexer com o câmbio. Além disso, há sempre a perspectiva de mudanças na condução da política econômica, o que ajuda a aumentar as incertezas e frear o processo de redução dos juros pelo Banco Central.
O presidente Lula já deu sinais claros de que irá aumentar os gastos do governo, numa demonstração evidente de guinada na política econômica. Para Paulo Leme, quanto mais expansionista for a política do governo, menores serão a confiança do investidor e o espaço do Banco Central para cortar os juros. "Pensar que o gasto público é capaz de elevar o crescimento acima do PIB potencial não é uma decisão correta", diz.
Dessa forma, as previsões de Leme para o Brasil em 2006 são mais conservadoras do que a média do mercado. Ele aposta, por exemplo, num crescimento do PIB de 3,2% para este ano e de 2,5% para 2005. Ele acha que os juros vão cair dos atuais 18% para 16% em dezembro de 2006 -o mercado prevê 15% para o final deste ano. Em relação ao câmbio, ele prevê uma taxa de R$ 2,45 por dólar em dezembro. Já no tocante à inflação, ele atribui 75% de chances de o país cumprir a meta de 4,5% em 2006.
Na opinião de Leme, o que vai garantir o desempenho da economia em 2006, assim como ocorreu no ano passado, será, essencialmente, o crescimento mundial. O cenário externo continuará bastante favorável aos emergentes. Em suas previsões, o Brasil será, em 2006, o país que apresentará a segunda menor taxa de crescimento da América Latina -só acima do Equador, com taxa de 2,5%. Só em 2007 o Brasil ficaria acima da média dos países da América Latina.

CRESCIMENTO
A receita da Varig Log em novembro chegou a US$ 53 milhões, 13,28% a mais que no mesmo mês de 2004 e recorde mensal da empresa. No acumulado dos 11 primeiros meses de 2005, a receita da companhia também registrava alta na casa de 13%.

ANOS POSITIVOS
Pela primeira vez desde o fim dos anos 80, a balança comercial da indústria do cobre encerrou dois anos seguidos com superávit. Com alta de 30% nas exportações, o setor teve em 2005 saldo de US$ 50 milhões, segundo o Sindicel e a ABC, que representam a cadeia produtiva. O saldo foi de US$ 10 milhões em 2004.

FAXINA
A faxina administrativa que vem sendo promovida na Bombril pela gestão judicial já atingiu cerca de 30 pessoas, muitas acusadas de irregularidades constatadas nos diversos níveis gerenciais da empresa. No início da semana, foram demitidos 14 gerentes, a maioria relacionada à área de logística. No caminho para o saneamento da empresa está uma dezena de pessoas protegidas pelo manto do conselho de administração, como ex-mulheres, cunhados, sobrinhos e apadrinhados políticos de conselheiros. A administração judicial, instaurada há cerca de três anos, tem buscado preservar o interesse dos acionistas (em especial Previ e BNDES).

FOCO REGIONAL
Com foco no Nordeste, a Ocean Air anuncia hoje novos vôos para a região, saindo de São Paulo, Rio e Belo Horizonte. "Temos conseguido uma aceitação surpreendente no Nordeste. Iremos concentrar muitos esforços na região", diz Jorge Alberto Viana, vice-presidente da empresa, ao explicar como ela pretende atingir a meta de 6% de participação no mercado doméstico de aviação ao fim de 2006 -hoje tem 1,5%. As novas linhas, que entram em operação nos dias 16 e 30, serão com modelos Fokker MK-28, recém-adquiridos.

NOVA INCURSÃO
Em sua primeira incursão no mundo do cinema, os co-fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page, decidiram financiar metade do orçamento de um filme independente. Eles irão entrar com US$ 500 mil para ajudar a produzir o filme "Broken Arrows", dirigido por um ex-colega na Universidade de Stanford.

EXPANSÃO
A rede de restaurantes Vivenda do Camarão planeja alta de 20% no faturamento em 2006, além da abertura de ao menos mais dez lojas, em Florianópolis e Porto Alegre, entre outras cidades. Ela negocia também sua chegada à Espanha e à África do Sul.


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