São Paulo, sexta-feira, 05 de janeiro de 2007

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Congelamento segura em 9,8% a taxa argentina

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

Com os olhos fixos nas eleições para a Casa Rosada em 2007, o governo de Néstor Kirchner anunciou ontem que cumpriu a meta de fechar 2006 com taxa de inflação de apenas um dígito. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) anual, contido artificialmente graças a medidas pouco ortodoxas como o congelamento de preços de produtos específicos e o bloqueio às exportações sobretudo de carne e leite, ficou em 9,8%.
No final de 2005, a inflação registrada na Argentina foi de 12,3%, e a perspectiva era de alta. A estratégia de Kirchner foi atacar diretamente os produtos que têm mais impacto no IPC, pressionando setores do empresariado a firmar "acordos de preço", comprometendo-se a não reajustar.
Mas, segundo especialistas, a inflação "real" alcança cerca de 15%.
De acordo com a consultoria Ecolatina, 50% da redução do IPC pode ser explicada pela contenção das exportações de carne e leite, que forçou a venda no mercado interno. A outra metade se deve ao controle sobre as tarifas dos serviços públicos e ao "congelamento" produzido pelos acordos setoriais.
"Perseguindo a taxa de um dígito, a ação do governo se restringiu ao objetivo menor de controlar a cesta básica, o que não é o mesmo que ter uma política contra a pressão inflacionária", afirma Rodrigo Alvarez, economista da Ecolatina.
"Os acordos [de preço], apesar do nome, não são muito voluntários, e o custo dessa intervenção é o desestímulo aos investimentos", diz o economista Ernesto Kritz, da SEL consultoria.
A ministra da Economia, Felisa Miceli, já adiantou que o crescimento do PIB em 2006 ficará em 8,5%.


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