Dados de emprego nos EUA derrubam Bolsas; Dow Jones cai 1,9% e Nasdaq, 3,7%

Ação preferencial da Petrobras recua 7,9% na semana com temor de que crise nos EUA reduza consumo de petróleo

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dados ruins do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que teve seu pior desempenho desde 2003, derrubaram as principais Bolsas de Valores pelo mundo. A Bovespa, que abriu as operações de ontem em alta, não se sustentou em terreno positivo por muito tempo e encerrou o pregão com perdas de 2,95%.
A mistura de elevação do desemprego (mais um indicativo de desaquecimento na maior economia do planeta) com as recentes pressões inflacionárias aumentou as incertezas dos mercados mundiais.
Nas Bolsas norte-americanas, as quedas foram consideráveis. O índice Dow Jones, que agrupa as 30 ações americanas mais negociadas, recuou 1,96%. A Bolsa eletrônica Nasdaq despencou 3,77%.
O mesmo foi visto na Europa, onde a Bolsa de Londres teve perdas de 2,02%, a de Paris, de 1,79%, e a de Frankfurt, de 1,26%. Já na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei desabou ontem 4,03%, o que fez com que descesse a seu mais baixo nível em 17 meses.
O mercado teme que os reflexos da crise imobiliária -que gerou enormes perdas no setor financeiro nos últimos meses- na economia não-financeira sejam maiores do que se imaginava.
Também foi conhecido nos EUA o resultado da atividade do setor não-manufatureiro do país, que apresentou desaceleração em dezembro, segundo o instituto ISM.
Na primeira hora de pregão, a Bovespa alcançou valorização de 0,87%. Mas depois só caiu, marcando na mínima perdas de 3,69%.
"O mercado financeiro começa a se conscientizar de que 2008 será muito diferente, com a inflação piorando no mundo inteiro, enquanto a atividade econômica demonstra sinais de fraqueza", avalia Alexandre Lintz, estrategista-chefe do banco BNP Paribas.
Para Lintz, o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) vai ter de manter o processo de afrouxamento monetário e deve cortar a taxa básica do país em pelo menos 0,25 ponto percentual em sua reunião que ocorrerá no fim deste mês. Os juros norte-americanos estão atualmente em 4,25% anuais.

Com o recuo de ontem, a Bovespa encerrou esta primeira semana do ano com desvalorização acumulada de 4,46%.
Dentre as ações das maiores companhias brasileiras, chamou a atenção a queda de 7,91% acumulada pelos papéis preferenciais da Petrobras na semana. No pregão de ontem, a baixa da ação foi de 4,9%.
A queda no preço do barril de petróleo ontem no mercado internacional favoreceu o recuo dos papéis da petrolífera.
Após os dados conhecidos ontem nos EUA, aumentou o temor de que pode haver desaceleração no consumo do produto por parte dos norte-americanos. Em Nova York, o barril de petróleo caiu 1,28%, para US$ 97,91.

Altas e baixas
No balanço da semana, apenas 14 das 64 ações que estão no índice Ibovespa, o mais relevante do mercado doméstico, apareceram com ganhos acumulados.
Dentre as altas destacou-se a Brasil Telecom, embalada por rumores de que poderia fazer mudanças societárias atenta a uma hipotética fusão com a Telemar. A ação ON (ordinária) da Brasil Telecom Participações subiu 6,94% na semana, e a PN (preferencial) teve valorização de 3,07%.
Já na lista das ações de empresas que mais caíram nesses primeiros pregões de 2008 apareceram os papéis Gol PN (recuou 12,77% na semana), Souza Cruz ON (-10,47%) e Light ON (-9,59%).


Texto Anterior: Roberto Rodrigues: Biodiesel na Amazônia
Próximo Texto: Bush diz que estuda pacote de estímulo à economia dos EUA
Índice