São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2009

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Sem nova base econômica, classe média não crescerá, diz professor

Se o Brasil quiser que a sua estrutura social tenha um avanço mais amplo e significativo do que entre 2004 e 2008, o país terá de alterar as bases do seu desenvolvimento. Essa é a opinião do professor Waldir Quadros, do Instituto de Economia da Unicamp.
Quadros é autor de um estudo no qual demonstra que as condições que promoveram o surgimento de uma nova classe média nos últimos anos não beneficiaram na mesma proporção a média classe média nem a alta classe média.
Enquanto a massa trabalhadora e a baixa classe média aumentaram substancialmente, com redução no número de miseráveis, no período entre 1997 e 2007, o número de pessoas que pertencem às classes médias de maior poder aquisitivo se manteve estagnado (veja quadro abaixo). Os motivos são conhecidos: a nova classe média surgiu graças ao Bolsa Família, ao crescimento mais forte do salário mínimo e do PIB e da consequente geração de empregos.
Essa melhoria, no entanto, não foi suficiente para alcançar todas as classes sociais. Isso porque, segundo Quadros, a estrutura industrial perdeu, nos últimos anos, elos importantes da sua cadeia. O aumento nas importações causado pela valorização do real e a política monetária, que reduziu a perspectiva de investimentos produtivos, provocou uma situação de baixa performance.
Tais limitações resultaram em menos oportunidades para a média e a alta classe média. Além disso, diz o pesquisador, o agronegócio foi um dos principais impulsionadores do crescimento da economia nos últimos anos. Nessa área, não há criação de muitas oportunidades para as classes médias mais abastadas. "A disputa pela conquista de oportunidades insuficientes, numa época de frágeis freios morais, parece ser caracterizada como uma verdadeira "pororoca social'", escreve Quadros no estudo.
Nessa "zona de tensão", os filhos da classe média ascendente disputam as mesmas vagas com os filhos da média classe média, que não conseguem boas colocações profissionais.
A solução, segundo ele, é adotar políticas econômicas que permitam caminhar a passos mais largos. Entre as alternativas, está o uso dos recursos provenientes do petróleo e da venda de commodities para impulsionar o desenvolvimento industrial e dos serviços.

"LECHE SIN DULCE"

A produtora de leite argentina La Serenísima enfrenta uma grave crise, informa o jornal "La Nación". Com cortes nos subsídios governamentais, prejudicada pelos locautes que fecharam estradas e por aumento de 30% na energia, a empresa deixou de pagar uma dívida de US$ 230 milhões que venceu na semana passada. Pelo terceiro ano consecutivo, a La Serenísima fechará no vermelho e se intensificam os boatos de que o governo busca um comprador para a empresa. Entre os candidatos estariam os grupos argentinos Irsa e Eskenazi. Segundo o jornal, rumores dariam conta de que o dono, Pascual Mastellone, só estaria disposto a vendê-la à Danone, com quem já tem uma joint venture.

PERDA
VOLUME CONHECIDO SOB GESTÃO DE MADOFF SUPERA US$ 33,4 BI, DIZ JORNAL
O volume conhecido de recursos sob gestão do ex-presidente da Nasdaq Bernard Madoff, preso por fraude em dezembro de 2008, supera US$ 33,4 bilhões. As informações são de levantamento do "New York Times". A maior perda é do Fairfield Greenwich Group, de US$ 7,5 bilhões. O ranking inclui 13 empresas que não informaram o quanto perderam com a fraude. Também está na lista a própria fundação da família Madoff, com baixa de US$ 19 milhões.

TURBINA
A usina de Itaipu superou em 2008 seu recorde de produção de energia anterior, de 2000. A hidrelétrica gerou 94.684.781 MWh no ano passado contra 93.427.598 MWh em 2000. A marca, que nunca foi alcançada por outra usina no mundo, seria suficiente para suprir o consumo global por dois dias ou o da Argentina por um ano.

LIDERANÇA
A Bolsa de São Paulo esteve entre as maiores perdas no mercado financeiro latino-americano. Os 41,2% de redução do Ibovespa no ano passado só não superaram o encolhimento de mais de 50% do índice Merval, da Bolsa de Comércio de Buenos Aires. No Chile, a queda foi de 22%. No México, a desvalorização foi de 24%.

PIRATARIA
CORTE CHINESA CONDENA 11 PESSOAS POR FALSIFICAÇÃO DE SOFTWARE
A Justiça chinesa condenou 11 pessoas acusadas de liderar uma quadrilha de pirataria de softwares da Microsoft, informou a empresa. Essa pode ter sido a maior sentença pelo crime aplicada na China. Eles foram acusados de comandar um esquema de pirataria de softwares no valor de US$ 2 bilhões. Ao todo, foram copiados 19 programas, em 11 idiomas diferentes, que chegavam a 36 países. Os réus podem ficar até 18 meses na prisão.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CRISTIANE BARBIERI (interina)



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