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Crise causa a maior queda nas exportações
Vendas ao exterior recuaram 22% em 2009, para US$ 152 bi; setores automobilístico e siderúrgico lideram as perdas
Superavit fica em US$ 24,6 bi,
pior da era Lula, mas dado
deve ser revisto para cima;
analista vê saldo encolher em
2010, com mais importação
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise financeira internacional fez com que as exportações
brasileiras despencassem
22,2% em 2009, a maior queda
desde que os dados passaram a
ser registrados, em 1950.
A menor demanda de tradicionais parceiros comerciais do
país atingiu em cheio as vendas
de produtos manufaturados,
27% inferiores às de 2008, enquanto os embarques de matérias-primas, beneficiados pela
retomada do consumo chinês,
declinaram 14,1% no ano.
O resultado de US$ 152,2 bilhões em 2009 ficou abaixo da
previsão do governo -US$ 160
bilhões- e bastante aquém dos
US$ 197,9 bilhões registrados
no ano anterior, que foi recorde. De acordo com os dados do
Ministério do Desenvolvimento, os setores mais afetados pela crise foram as indústrias siderúrgica e automobilística.
"A queda dos manufaturados
é preocupante e reforça a necessidade de recuperar mercados importantes como os EUA
e a América Latina", disse o secretário de Comércio Exterior
do ministério, Welber Barral.
A retração do comércio mundial também derrubou em 25%
as importações, que fecharam o
ano em US$ 127,637 bilhões.
Mas, segundo Barral, o ritmo
de queda tem diminuído, e a
tendência é que o real valorizado e o próprio crescimento da
economia estimulem o aumento das compras neste ano.
Mesmo com quedas similares nos dois sentidos do intercâmbio de mercadorias, a balança comercial brasileira encerrou 2009 com o pior desempenho da era Lula, com saldo de
US$ 24,62 bilhões. Em 2008, o
superavit havia sido de US$
24,96 bilhões.
No entanto, o saldo comercial de 2009 ainda poderá ganhar um reforço de US$ 300
milhões nas próximas semanas
e ultrapassar o resultado de
2008, segundo o ministério. Isso porque, no final do ano passado, foram registradas várias
operações de venda de energia
elétrica brasileira à Argentina
que ainda não foram computadas no balanço anual. Há discrepâncias entre os valores
apurados pela Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) e
pelas autoridades argentinas.
Dos US$ 760 milhões apontados pela agência reguladora,
só US$ 338 milhões foram confirmados até agora. Apesar de
serem referentes a operações
realizadas desde 2007, quando
a venda de energia deixou de
ser contabilizada junto aos serviços, todos os 11 pagamentos
em análise serão registrados na
balança de 2009 após a verificação. "Energia não é um produto que você tenha controle
aduaneiro. A consequência da
análise é que o saldo ficará
maior que o de 2008", disse
Barral.
Para este ano, no entanto, o
cenário não é tranquilizador.
Segundo o vice-presidente da
AEB (Associação de Comércio
Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, o descompasso
entre o ritmo de crescimento
da economia brasileira e o de
importantes parceiros deve
derrubar pela metade o superavit em 2010, para US$ 12,23 bilhões. "A expansão do PIB, em
torno de 5%, certamente será o
principal fator de impacto no
aumento das importações", diz.
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