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INTEGRAÇÃO REGIONAL
Decisão é primeiro sinal da estratégia de aproximação entre os países e de fortalecimento do Mercosul
Brasil e Argentina negociarão a Alca juntos
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
O Brasil e a Argentina negociarão a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) em conjunto e
proporão aos outros países do
Mercosul -Uruguai e Paraguai- que façam o mesmo.
A decisão de negociar em bloco
é o primeiro sinal concreto da estratégia de aproximação entre os
dois países e de fortalecimento do
Mercosul, impulsionada pelo governo brasileiro e bem recebida
pelo argentino.
A aliança dos dois países também parece pôr fim à política de
alinhamento quase automático
que a Argentina vinha mantendo
com os EUA desde o início dos
anos 90.
Ontem, os chanceleres brasileiro, Celso Amorim, e argentino,
Carlos Ruckauf, anunciaram que
os dois países decidiram negociar
a Alca em conjunto. O primeiro
passo foi anunciar que os países
não entregarão, no próximo dia
15, propostas de abertura dos setores de compras governamentais
e de investimentos.
Os 34 países americanos que
hoje negociam a Alca têm até o
dia 15 de fevereiro para entregar
listas com propostas de abertura
de cinco setores: produtos agrícolas, produtos industriais, serviços,
investimentos e compras governamentais.
Brasil e Argentina querem que
os países do Mercosul só entreguem as listas de produtos agrícolas, industriais e, talvez, de serviços. No caso dos dois primeiros
setores, já existe uma proposta
comum dos países do bloco. Os
técnicos ainda trabalham para finalizar a proposta comum para a
área de serviços.
O ministro brasileiro esteve ontem na capital argentina, Buenos
Aires, onde se reuniu com o presidente Eduardo Duhalde, empresários brasileiros e representantes
do governo argentino.
O ministro pediu aos empresários que se tornem "soldados do
Mercosul" e disse que, mais que
uma área de livre comércio, o bloco é "um projeto político". "É
muito melhor para o Mercosul
que estejamos juntos", disse
Amorim, referindo-se à necessidade de os países do bloco apresentarem uma só proposta na mesa de negociação da Alca.
Funcionários do governo argentino afirmavam, há menos de
duas semanas, que o país entregaria uma proposta individual caso
o Brasil decidisse atrasar a entrega
do documento.
Ontem, o tom já era outro. Depois de almoço do qual participaram Amorim, Duhalde e vários
ministros argentinos, o porta-voz
da Presidência, Luis Verdi, afirmou que os representantes dos
dois países concordaram que "a
Argentina e o Brasil não vão ter
vozes discordantes em nenhum
fórum internacional, seja a respeito do que for".
O chanceler brasileiro repetiu
durante todo o dia que a decisão
de apresentar propostas individuais fragilizaria o Mercosul. Durante reunião com empresários
brasileiros, chegou a afirmar que
esta "era a hora da verdade" para
a integração dos quatro países.
"É a hora da verdade, de definir
se queremos manter o Mercosul
ou algo que com o tempo perderá
sua relevância internacional. Algo
que poderia ter alguma utilidade,
mas que não é o projeto político
que queremos que o Mercosul seja", disse.
O ministro interpretou a boa
acolhida do governo argentino
como um sinal do "prestígio do
presidente Lula. "O governo argentino tratou esta visita de uma
forma muito especial."
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