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Combustível sobe mais do que gasolina em SP
CÍNTIA CARDOSO
ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de os olhos de consumidores e revendedores terem se
voltado para o aumento nos preços da gasolina no último final de
semana, o campeão de aumento
nesta semana foi o álcool.
Segundo levantamento realizado ontem pela Folha em postos
da cidade de São Paulo, o aumento médio do produto em relação à
semana anterior atingiu 10,88%.
A gasolina subiu 2,47%. Em um
posto na zona oeste de São Paulo,
o litro do álcool atingiu o pico de
R$ 1,72 o litro. O maior aumento
foi de 30,79%.
Para o Sincopetro (Sindicato do
Comércio Varejista de Derivados
de Petróleo de São Paulo), o aumento foi inesperado. "Até sexta
passada, só se falava no aumento
da gasolina. Fomos surpreendidos pelas distribuidoras, que nos
passaram tabelas com reajustes
de 22% a 27%. Esses aumentos serão repassados integralmente para os consumidores", declarou José Alberto Gouvêia, presidente da
instituição.
O Sincopetro planeja encaminhar nesta semana uma solicitação à SDE (Secretaria de Direito
Econômico), do Ministério da
Justiça, e à Seae (Secretaria de
Acompanhamento Econômico),
do Ministério da Fazenda, em que
pedirá explicações sobre a razão
dos reajustes.
Para as distribuidoras, a origem
dos aumentos é o acúmulo dos
preços cobrados pelos produtores
de álcool. "Em geral, as distribuidoras compram estoques suficientes para um mês. Quando as
empresas renovaram estoques no
final de janeiro, encontraram preços no patamar de R$ 0,80. Naturalmente, essa diferença foi repassada nas novas listas", afirmou
Alísio Vaz, diretor do Sindicom
(Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes).
De acordo com dados do Cepea
(Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada), da USP,
em janeiro o preço do álcool hidratado subiu 16,54% em relação
ao mês anterior.
Com relação à queixa do Sincopetro sobre a inexistência de aviso
prévio do reajuste, Vaz diz que isso não é uma obrigação legal.
Na outra ponta da cadeia de aumentos, os representantes dos
usineiros se esquivam da culpa
pelos reajustes. "Na última semana de janeiro os preços ficaram
estáveis", diz Antônio Rodrigues,
da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo).
No entanto, a justificativa do
Sindicom -repasse do acúmulo
das altas dos preços cobrados pelos produtores- não é negada
pela Unica. "Algumas empresas
podem ter concentrado as variações dos preços e repassado de
uma só vez", avaliou Rodrigues.
O fato de a produção de álcool
na região centro-sul atravessar o
período de entressafra é outro
motivo para pressionar o preço
do combustível.
Para tentar atenuar o impacto
da redução da produção, a Unica
pretende antecipar o início do
plantio de cana na região para
meados de março. Com isso, a
previsão é uma produção de 600
milhões de litros, cerca de 50% superior ao produzido no mesmo
período de 2002.
Para Geraldo Luiz Santo Mauro,
presidente do Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de
Veículos e Acessórios do Estado
de São Paulo), os responsáveis pelo aumento do álcool são os usineiros. Segundo ele, os usineiros,
prevendo guerra e falta de gasolina no mercado, estão antecipando o aumento do preço do álcool
para elevar a margem de lucro.
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