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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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Combustível sobe mais do que gasolina em SP

CÍNTIA CARDOSO
ALESSANDRA MILANEZ

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de os olhos de consumidores e revendedores terem se voltado para o aumento nos preços da gasolina no último final de semana, o campeão de aumento nesta semana foi o álcool.
Segundo levantamento realizado ontem pela Folha em postos da cidade de São Paulo, o aumento médio do produto em relação à semana anterior atingiu 10,88%. A gasolina subiu 2,47%. Em um posto na zona oeste de São Paulo, o litro do álcool atingiu o pico de R$ 1,72 o litro. O maior aumento foi de 30,79%.
Para o Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo), o aumento foi inesperado. "Até sexta passada, só se falava no aumento da gasolina. Fomos surpreendidos pelas distribuidoras, que nos passaram tabelas com reajustes de 22% a 27%. Esses aumentos serão repassados integralmente para os consumidores", declarou José Alberto Gouvêia, presidente da instituição.
O Sincopetro planeja encaminhar nesta semana uma solicitação à SDE (Secretaria de Direito Econômico), do Ministério da Justiça, e à Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico), do Ministério da Fazenda, em que pedirá explicações sobre a razão dos reajustes.
Para as distribuidoras, a origem dos aumentos é o acúmulo dos preços cobrados pelos produtores de álcool. "Em geral, as distribuidoras compram estoques suficientes para um mês. Quando as empresas renovaram estoques no final de janeiro, encontraram preços no patamar de R$ 0,80. Naturalmente, essa diferença foi repassada nas novas listas", afirmou Alísio Vaz, diretor do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes).
De acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da USP, em janeiro o preço do álcool hidratado subiu 16,54% em relação ao mês anterior.
Com relação à queixa do Sincopetro sobre a inexistência de aviso prévio do reajuste, Vaz diz que isso não é uma obrigação legal.
Na outra ponta da cadeia de aumentos, os representantes dos usineiros se esquivam da culpa pelos reajustes. "Na última semana de janeiro os preços ficaram estáveis", diz Antônio Rodrigues, da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo).
No entanto, a justificativa do Sindicom -repasse do acúmulo das altas dos preços cobrados pelos produtores- não é negada pela Unica. "Algumas empresas podem ter concentrado as variações dos preços e repassado de uma só vez", avaliou Rodrigues.
O fato de a produção de álcool na região centro-sul atravessar o período de entressafra é outro motivo para pressionar o preço do combustível.
Para tentar atenuar o impacto da redução da produção, a Unica pretende antecipar o início do plantio de cana na região para meados de março. Com isso, a previsão é uma produção de 600 milhões de litros, cerca de 50% superior ao produzido no mesmo período de 2002.
Para Geraldo Luiz Santo Mauro, presidente do Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo), os responsáveis pelo aumento do álcool são os usineiros. Segundo ele, os usineiros, prevendo guerra e falta de gasolina no mercado, estão antecipando o aumento do preço do álcool para elevar a margem de lucro.


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