São Paulo, sábado, 05 de março de 2005

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Ministro prevê US$ 111 bi em exportações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anteontem à noite no Palácio do Planalto, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, previu que as exportações brasileiras em 2005 chegarão a US$ 111 bilhões -US$ 3 bilhões acima da meta assumida publicamente.
A diferença em relação à meta oficial, segundo Furlan, deve-se à expectativa dele em relação ao preço do minério de ferro e o conseqüente impacto positivo na pauta de exportações brasileira.
Na reunião, Furlan fez sugestões de medidas pontuais para desburocratizar o processo de exportação, sugestões que Lula pediu que discutisse com o colega Antonio Palocci Filho (Fazenda). Parte delas foi anunciada ontem.
O encontro, que durou cerca de quatro horas, ocorreu a pedido de Furlan, que queria comemorar a marca recém-atingida de US$ 100 bilhões de dólares de exportações nos últimos 12 meses (de março de 2004 a fevereiro de 2005) e debater medidas de incentivo ao comércio exterior com a Coordenação de Governo (principais auxiliares de Lula).
Sutilmente, Furlan criticou a política monetária e a atual taxa de câmbio. Disse que, apesar dos juros altos, as exportações brasileiras terão bom desempenho em 2005 e em 2006, segundo apurou a Folha.
Crítico interno da política monetária, Furlan recebeu o apoio do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Ambos avaliaram que os juros altos são uma ameaça ao desempenho futuro e de longo prazo das exportações. Mas ressaltaram que, por ora, os juros altos (Selic hoje em 18,75% ao ano) ainda não afetaram as exportações.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, defendeu a política monetária ao dizer que os resultados da economia mostram que os juros altos não minaram as exportações. Palocci o apoiou e descartou intervenção forte no câmbio fora medidas pontuais (compras para aumentar reservas, por exemplo).
Entre as medidas de incentivo ao câmbio propostas, estão a criação de novas áreas alfandegárias (5), investimentos para transformar aeroportos subutilizados por passageiros em áreas para exportação. Exemplos: Confins (MG), Galeão (RJ) e Viracopos (SP), que já cumpre papel nesse sentido.
Furlan defendeu a "desdolarização" nas relações entre exportadores e importadores do Brasil e da Argentina. Os negociantes se cadastrariam nos bancos centrais dos dois países e poderiam negociar diretamente em peso e real. (KENNEDY ALENCAR)

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