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LIBERDADE VIGIADA
Ações da empresa da apresentadora se valorizaram desde sua prisão, em outubro de 2004
Martha Stewart vai a prisão domiciliar
DA REDAÇÃO
A apresentadora de televisão e
empresária americana Martha
Stewart, 63, saiu da penitenciária
federal de Virgínia Ocidental ontem pela manhã. Ela cumpriu
pena de cinco meses por mentir
sobre uma venda de ações feita
com informação privilegiada.
Stewart saiu da prisão de carro
e foi até o aeroporto local, onde
acenou para os cerca de 25 fãs
que a aguardavam. Ela voltou
em seu jato particular para sua
casa em Bedford, no Estado de
Nova York, onde cumprirá cinco meses de prisão domiciliar.
A apresentadora terá que usar
um dispositivo eletrônico de localização no tornozelo e poderá
sair de casa por 48 horas por semana para ir a seu escritório.
Em seu site, Martha Stewart
declarou que "a experiência dos
últimos cinco meses em Alderson mudou e reafirmou minha
vida. Com certeza nunca esquecerei os amigos que fiz lá e o que
eles fizeram para me ajudar".
O julgamento e a condenação
de Stewart, em 2004, tiveram
ampla cobertura da mídia americana devido à popularidade da
apresentadora. Stewart apresenta programas sobre culinária e
decoração e tem um salário
anual de US$ 900 mil (R$ 2,4 milhões). Sua empresa Martha Stewart Living Omnimedia, da qual
detém 60% das ações, tem valor
de mercado de US$ 1,54 bilhão.
Vida após a prisão
Ao sair da prisão, Stewart parece pronta para igualar ou superar sua carreira pré-presidiária. A guru da decoração assinou
contratos para estrelar dois programas de TV - um é derivado
de "The Apprentice" [O Aprendiz], pelo qual vai ganhar US$
100 mil por episódio.
Ela recuperou a confiança de
Wall Street, como mostra o aumento no preço das ações de sua
companhia, Martha Stewart Living Omnimedia. As ações subiram de cerca de US$ 16 em outubro para mais de US$ 25.
Esse resultado parecia quase
inimaginável durante seu julgamento no ano passado. Especialistas em marketing e investidores em geral tinham previsto o
fim de uma companhia de mídia
e produtos de consumo cuja
marca estava intimamente ligada à figura pública de Stewart.
Seth Siegel, da consultoria de
marcas Beanstalk Group, diz
que a marca de Stewart não foi
prejudicada. A condenação de
Stewart por mentir sobre a venda de ações, na opinião dele, não
prejudicou sua posição como
mulher singularmente dedicada
a levar soluções domésticas às
massas. Por outro lado, se ela tivesse sido apanhada mentindo
sobre corantes tóxicos em sua linha de toalhas e lençóis, teria sido um desastre.
Seja qual for o caso, a equipe
da Martha Stewart Living Omnimedia parece ter conseguido o
delicado equilíbrio de distanciar
a companhia de sua fundadora e
ao mesmo tempo melhorar a reputação de Stewart.
Por exemplo, foi dito recentemente na principal revista de
Stewart que ela procurava cebolas silvestres entre as rachaduras
do pátio da prisão para temperar
as refeições. Stewart também
deu aulas de ioga, leu a autobiografia de Bob Dylan e fez um
presépio de cerâmica para sua
mãe e gambás de crochê para
seus cachorros na penitenciária.
Apesar da alegria da companhia de Stewart, porém, a estrada não será fácil. Na semana passada a Martha Stewart Living
Omnimedia divulgou prejuízos
de US$ 60 milhões em 2004. Pode ser especialmente difícil recuperar as vendas de publicidade
das revistas, que caíram dois terços desde 2002.
Principalmente, muitos analistas acreditam que a sorte a longo
prazo da Martha Stewart Living
Omnimedia vai depender de sua
capacidade de lançar marcas de
sucesso que não tenham nada a
ver com sua fundadora.
Com o "Financial Times"
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