São Paulo, sábado, 05 de março de 2005

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LIBERDADE VIGIADA

Ações da empresa da apresentadora se valorizaram desde sua prisão, em outubro de 2004

Martha Stewart vai a prisão domiciliar

DA REDAÇÃO

A apresentadora de televisão e empresária americana Martha Stewart, 63, saiu da penitenciária federal de Virgínia Ocidental ontem pela manhã. Ela cumpriu pena de cinco meses por mentir sobre uma venda de ações feita com informação privilegiada.
Stewart saiu da prisão de carro e foi até o aeroporto local, onde acenou para os cerca de 25 fãs que a aguardavam. Ela voltou em seu jato particular para sua casa em Bedford, no Estado de Nova York, onde cumprirá cinco meses de prisão domiciliar.
A apresentadora terá que usar um dispositivo eletrônico de localização no tornozelo e poderá sair de casa por 48 horas por semana para ir a seu escritório.
Em seu site, Martha Stewart declarou que "a experiência dos últimos cinco meses em Alderson mudou e reafirmou minha vida. Com certeza nunca esquecerei os amigos que fiz lá e o que eles fizeram para me ajudar".
O julgamento e a condenação de Stewart, em 2004, tiveram ampla cobertura da mídia americana devido à popularidade da apresentadora. Stewart apresenta programas sobre culinária e decoração e tem um salário anual de US$ 900 mil (R$ 2,4 milhões). Sua empresa Martha Stewart Living Omnimedia, da qual detém 60% das ações, tem valor de mercado de US$ 1,54 bilhão.

Vida após a prisão
Ao sair da prisão, Stewart parece pronta para igualar ou superar sua carreira pré-presidiária. A guru da decoração assinou contratos para estrelar dois programas de TV - um é derivado de "The Apprentice" [O Aprendiz], pelo qual vai ganhar US$ 100 mil por episódio.
Ela recuperou a confiança de Wall Street, como mostra o aumento no preço das ações de sua companhia, Martha Stewart Living Omnimedia. As ações subiram de cerca de US$ 16 em outubro para mais de US$ 25.
Esse resultado parecia quase inimaginável durante seu julgamento no ano passado. Especialistas em marketing e investidores em geral tinham previsto o fim de uma companhia de mídia e produtos de consumo cuja marca estava intimamente ligada à figura pública de Stewart.
Seth Siegel, da consultoria de marcas Beanstalk Group, diz que a marca de Stewart não foi prejudicada. A condenação de Stewart por mentir sobre a venda de ações, na opinião dele, não prejudicou sua posição como mulher singularmente dedicada a levar soluções domésticas às massas. Por outro lado, se ela tivesse sido apanhada mentindo sobre corantes tóxicos em sua linha de toalhas e lençóis, teria sido um desastre.
Seja qual for o caso, a equipe da Martha Stewart Living Omnimedia parece ter conseguido o delicado equilíbrio de distanciar a companhia de sua fundadora e ao mesmo tempo melhorar a reputação de Stewart.
Por exemplo, foi dito recentemente na principal revista de Stewart que ela procurava cebolas silvestres entre as rachaduras do pátio da prisão para temperar as refeições. Stewart também deu aulas de ioga, leu a autobiografia de Bob Dylan e fez um presépio de cerâmica para sua mãe e gambás de crochê para seus cachorros na penitenciária.
Apesar da alegria da companhia de Stewart, porém, a estrada não será fácil. Na semana passada a Martha Stewart Living Omnimedia divulgou prejuízos de US$ 60 milhões em 2004. Pode ser especialmente difícil recuperar as vendas de publicidade das revistas, que caíram dois terços desde 2002.
Principalmente, muitos analistas acreditam que a sorte a longo prazo da Martha Stewart Living Omnimedia vai depender de sua capacidade de lançar marcas de sucesso que não tenham nada a ver com sua fundadora.


Com o "Financial Times"


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