São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Embraer não vai rever demissões, diz Curado

A Embraer deverá fazer algumas concessões aos 4.200 funcionários demitidos, mas não vai voltar atrás da decisão nem irá aceitar a proposta de redução da jornada de trabalho e de salário em troca do corte. As concessões devem ser negociadas com os trabalhadores hoje, durante audiência de conciliação no Tribunal Regional de Trabalho de Campinas.
Segundo o presidente da Embraer, Frederico Curado, toda negociação pressupõe alguma flexibilidade. A empresa está disposta a conversar com os trabalhadores, mas só não é possível rever as demissões. O problema, de acordo com ele, é a redução dramática da demanda, de cerca de 30% do faturamento. O corte de funcionários correspondeu a 20% do contingente de mão de obra.
A adoção de medidas flexíveis para ajudar os trabalhadores que foram demitidos irá também atender pedido feito pelo presidente Lula no encontro que teve com Curado na semana passada.
"Estamos abertos para conversar, mas não será possível a reintegração dos funcionários", diz Curado.
O grande problema que levou a Embraer a fazer as demissões foi a queda da demanda externa. Segundo Curado, mais de 90% da receita da companhia é obtida por meio das exportações.
Curado acha que essa retração da demanda externa irá continuar forte em 2009 e 2010, mas ele não prevê mais demissões. Os cortes, a seu ver, serão suficientes para a empresa enfrentar os próximos dois anos sem ter que fazer novas demissões.
De acordo com Curado, apesar desses problemas, a companhia não pretende recorrer a dinheiro publico. O BNDES, por exemplo, financia os clientes da Embraer, e não a companhia diretamente.
O governo pode ajudar, segundo Curado, com a encomenda de aviões. Ele citou, por exemplo, a decisão de substituir os dois Boeings-737, os famosos "sucatinhas", por aviões da Embraer.
Apesar dos problemas enfrentados pela Embraer, Curado acredita que o país tem tudo para se sair bem da crise, melhor do que os países ricos. "Nós estamos na contramão. O país vai sair mais fortalecido do que todos."

"Estamos abertos para conversar, mas não será possível a reintegração dos funcionários"
FREDERICO CURADO
presidente da Embraer

TEMOR

Mais de 90% dos executivos de finanças brasileiros estão preocupados com o mercado global nos próximos 12 meses, segundo pesquisa da empresa de recrutamento Robert Half com profissionais de 14 países. Só na Irlanda o receio é maior. A tensão é menor quando se fala da economia local -78% dos brasileiros têm ansiedade em relação ao mercado nacional. A pesquisa não inclui os EUA.

DE VOLTA AO TRABALHO

O escritório Azevedo Sette Advogados recebeu dez fusões e aquisições para estruturar entre quinta e segunda -sete novas e três que estavam suspensas. Desde agosto, o escritório, que fechou o ano com mais de US$ 2 bilhões de transações, não fazia nenhuma operação do tipo. "Pedimos para a equipe da área [32 pessoas] voltar de férias", diz Ordélio Azevedo Sette, sócio sênior. Os setores são indústria pesada, mineração, tecnologia, informática e agronegócios. Há dois perfis de operações: empresas debilitadas à venda ou companhias que buscam parceiros para aporte de capital.

BAIXA RENDA
O banco Real alcançou R$ 300 milhões em empréstimos no seu programa de microcrédito, desde a sua criação, em 2002. Ao todo, já foram beneficiados mais de 130 mil clientes de baixa renda pelo programa.

NO COMPUTADOR 1
A Kingston, que fabrica memória para computador, anuncia o balanço mundial na próxima semana e, pela primeira vez, abrirá a participação do Brasil. Normalmente, as receitas são apresentadas por continente.

NO COMPUTADOR 2
O faturamento mundial da Kingston foi de US$ 4 bilhões, e o do Brasil, de US$ 117 milhões, com alta de 92% ante 2007. O país passou a ocupar a liderança na América Latina, superando o México (US$ 98 milhões). Em 2008, o preço das memórias flash (como pen drives) e RAM (componentes na montagem de notebooks) caíram, em média, 36%.

PREVISÃO
O mercado de seguros e resseguros no Brasil espera crescer cerca de US$ 2 bilhões nos próximos dois anos, segundo estimativa do presidente do IRB-Brasil Re, Eduardo Nakao.

ATACADO
A sexta edição da semana de moda do shopping atacadista Mega Polo Moda, localizado no Brás, em SP, fechou ontem com alta de 16% nas vendas ante a última edição, em julho de 2008. O evento reuniu 15 mil lojistas.

REVENDA
A Confenar (confederação das revendas AmBev e empresas de distribuição) renovou a parceria com o Bradesco para obter serviços com taxas diferenciadas. A parceria inclui operações de leasing, crédito para aquisição de equipamentos, financiamento do BNDES, seguros, entre outros. Cerca de 87% das revendas Confenar já aderiram à parceria.

APETITE
A rede de restaurantes Ráscal inaugura em abril sua terceira casa no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca. Com essa abertura, o grupo passa a ter nove unidades, sendo seis em São Paulo. O Ráscal inaugurou sua primeira loja no Rio em 2006, no Leblon.

PANAMENHAS
As empresas que integram o Projeto Setorial Integrado Eletroeletrônicos Brasil, da Apex/Brasil -Vale da Eletrônica (MG) e empresas paulistas e gaúchas-, participam até sábado da Expocomer Panamá 2009, uma das mais importantes feiras de negócios do Panamá.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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