São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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S&P vê "deterioração rápida" de cenário para a América Latina

Agência reduz de 2,1% para 0,7% previsão para PIB

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Primeira a conceder o "grau de investimento" ao Brasil, a agência de classificação de riscos Standard & Poor's afirma agora que a crise global causou uma "rápida deterioração" das perspectivas para a América Latina, incluindo o Brasil.
A agência reduziu a previsão de crescimento da região em 2009 de 2,1%, em dezembro, para 0,7%, o menor ritmo desde 2002. Para o Brasil, a previsão caiu de 2,5% para 1,2%.
Para a S&P, a piora se deve ao aprofundamento da crise nos países industrializados, que consumirão menos commodities e terão poucos recursos para investir nos emergentes. Por essa razão, afirma, a recuperação latino-americana será mais lenta. Para 2010, a previsão é de expansão de 2,5%.
No caso do Brasil, a S&P afirma que a deterioração do mercado de trabalho acontece "mais rápido do que o esperado", contraindo a venda de bens duráveis. "[O ano de] 2009 vai testar a resistência das conquistas que as economias da região tiveram nos últimos anos. As perspectivas para a região dependerão tanto da profundidade da recessão nos países industrializados como do tempo que demorará a recuperação", disse Lisa Schineller, diretora da Standard & Poor's.
Para Schineller, os bancos públicos brasileiros e mexicanos estão desempenhando um "importante papel" para manter os financiamentos. "Não acredito em deterioração importante na qualidade de crédito porque a intermediação financeira ainda é baixa", disse.
Segundo a agência, o pior quadro é o do México, que terá queda de 2% no PIB neste ano, devido à dependência dos EUA. Na Venezuela, a expectativa é de expansão de 1,5%; na Argentina, de 1%. "Em nossa visão, as posições fiscais da Argentina e da Venezuela contrastam com a dos demais países da região. Elas não terão espaço para medidas de estímulo fiscal."
A agência afirma que a queda no preço do petróleo deverá "enfraquecer fortemente" a arrecadação da Venezuela, que tem 50% de suas receitas provenientes do produto. A agência espera desvalorização de 20% do bolívar em 2009, o que manterá a inflação em alta.
"A inflação será baixa nos demais países, permitindo que os bancos centrais cortem juros."


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