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Governo amplia o acesso a crédito com uso de reservas
Mais bancos poderão oferecer empréstimos em dólar
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo ampliou ontem a
quantidade de bancos que podem ter acesso aos empréstimos em dólar operados pelo
Banco Central com recursos
das reservas internacionais do
país. A medida, anunciada em
dezembro do ano passado, começou a ser regulamentada no
começo de fevereiro e vem sendo implantada aos poucos.
Ontem, o CMN (Conselho
Monetário Nacional) autorizou
o BC a emprestar dólares para
bancos que tenham dívidas
com suas próprias filiais instaladas no exterior, o que não estava previsto na regulamentação anterior.
Essa iniciativa pretende cobrir uma operação que é comum no mercado financeiro:
quando vão captar dinheiro no
exterior, os bancos que atuam
no Brasil normalmente fazem a
operação por meio de filiais
instaladas em outros países,
para escapar de exigências burocráticas e tributárias.
A filial toma o empréstimo
no mercado internacional e repassa os recursos para sua matriz no Brasil, que, por sua vez,
usa o dinheiro em financiamentos para empresas.
Com o agravamento da crise,
porém, muitos bancos estavam
enfrentando dificuldades para
refinanciar essas dívidas. E esse
refinanciamento não podia ser
feito com os dólares das reservas porque não havia uma regra
que permitisse que o BC concedesse empréstimos para instituições financeiras que têm dívidas com suas próprias filiais.
Segundo o diretor de Política
Monetária do BC, Mário Torós,
a medida deve aumentar o
acesso de pequenas e médias
empresas ao crédito, já que as
grandes companhias conseguem fazer suas operações diretamente no mercado externo, mas as demais são mais dependentes de repasses de bancos. "As empresas ainda têm dificuldades em obter crédito, sobretudo as de menor porte."
O BC estima em US$ 15,5 bilhões o valor das parcelas desses empréstimos entre bancos
do mesmo grupo financeiro
com vencimento entre outubro
do ano passado e dezembro
deste ano. Esse é o montante
das dívidas que poderão ser renegociadas com dólares das reservas internacionais.
No mês passado, o BC já havia sido autorizado a emprestar
dólares das reservas para empresas que estivessem com dificuldade para refinanciar dívidas contraídas no mercado internacional. Nesse caso, a operação precisa ser intermediada
por um banco, que paga uma taxa de juros fixa pelo empréstimo que recebe do BC, mas que é
livre para cobrar o que quiser
no financiamento à empresa
endividada.
O BC se diz disposto a liberar
até US$ 36 bilhões das reservas
para essas operações, o suficiente para cobrir todas as parcelas da dívida externa de bancos e empresas até o fim do ano.
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