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Petrobras quer comprar usinas e vender mais álcool
Menor comércio de gasolina e reestruturação sucroalcooleira motivam decisão
Estatal muda estratégia, antes exportadora, e agora pretende ficar com 20% do crescimento estimado para o setor no mercado interno
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Diante da reestruturação do
setor sucroalcooleiro e da queda das vendas de gasolina, a Petrobras decidiu investir na
aquisição de usinas e na produção de álcool para atender o
mercado interno e estima abocanhar 20% do crescimento
previsto para o mercado nos
próximos anos.
Até 2013, a Petrobras prevê
produzir 1,8 bilhão de litros de
álcool destinado ao mercado
doméstico -volume correspondente a 8% dos 22,5 bilhões
de litros fabricados em 2008.
A estatal, por meio de sua
subsidiária Petrobras Biocombustíveis, planeja adquirir usinas em parceria no país para
atender ao mercado interno.
Antes, o foco da companhia era
apenas investir em novos projetos voltados à exportação.
O presidente da Petrobras
Biocombustíveis, Allan Kardec,
rejeita a tese de uma possível
estatização do setor -hoje
100% privado- e diz que a participação da companhia será
de, no máximo, 40% nas usinas
voltadas ao mercado interno.
Segundo Kardec, a reestruturação do setor, a retração das
vendas de gasolina e especialmente o interesse de empresários em terem a Petrobras como sócia motivaram a decisão
da estatal de disputar o mercado brasileiro de álcool.
Impulsionada principalmente pela expansão do carro flex, a
produção de álcool cresceu
79% no país desde 2003, segundo dados da Unica (União da
Indústria de Cana-de-Açúcar).
As vendas de veículos bicombustíveis representaram 87,5%
do total em 2008. O consumo
de álcool correspondeu a 51%
do volume total de combustíveis usados em veículos leves.
Revisão
Diante desse cenário, a Petrobras reviu a estratégia de focar sua atuação apenas na exportação de álcool. A estatal investirá US$ 3,3 bilhões em biocombustíveis até 2013. Desse
total, US$ 1,9 bilhão irá para a
produção de etanol para venda
no país e no exterior.
Neste ano, a Petrobras vai investir em quatro projetos de
novas usinas focadas em exportação. Serão mais cinco em
2010 e oito em 2011. Também
está prevista a instalação de
uma usina na Colômbia. Juntas, produzirão 2 bilhões de litros até 2013 destinados ao
mercado externo -39% do volume total de álcool exportado
pelo Brasil em 2008.
A Petrobras não divulga
quantas usinas pretende adquirir no país, mas Kardec disse
que já negocia com alguns grupos. Segundo ele, a companhia
poderá entrar em projetos em
andamento com dificuldade
para serem concluídos.
Diante da crise e da expectativa não confirmada de forte
crescimento da demanda externa, muitos projetos de novas
usinas foram postergados ou
cancelados. Há dois anos, o setor convive com preços deprimidos e sofreu ainda mais com
o agravamento da crise.
O diretor técnico da Unica,
Antonio de Padua Rodrigues,
reagiu bem à intenção da Petrobras: "É melhor um cenário
de maior concorrência, mas
com empresas capitalizadas,
com suporte de capital de giro e
condições de estocagem que
garantam os preços".
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