São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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Petrobras quer comprar usinas e vender mais álcool

Menor comércio de gasolina e reestruturação sucroalcooleira motivam decisão

Estatal muda estratégia, antes exportadora, e agora pretende ficar com 20% do crescimento estimado para o setor no mercado interno


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Diante da reestruturação do setor sucroalcooleiro e da queda das vendas de gasolina, a Petrobras decidiu investir na aquisição de usinas e na produção de álcool para atender o mercado interno e estima abocanhar 20% do crescimento previsto para o mercado nos próximos anos.
Até 2013, a Petrobras prevê produzir 1,8 bilhão de litros de álcool destinado ao mercado doméstico -volume correspondente a 8% dos 22,5 bilhões de litros fabricados em 2008.
A estatal, por meio de sua subsidiária Petrobras Biocombustíveis, planeja adquirir usinas em parceria no país para atender ao mercado interno. Antes, o foco da companhia era apenas investir em novos projetos voltados à exportação.
O presidente da Petrobras Biocombustíveis, Allan Kardec, rejeita a tese de uma possível estatização do setor -hoje 100% privado- e diz que a participação da companhia será de, no máximo, 40% nas usinas voltadas ao mercado interno.
Segundo Kardec, a reestruturação do setor, a retração das vendas de gasolina e especialmente o interesse de empresários em terem a Petrobras como sócia motivaram a decisão da estatal de disputar o mercado brasileiro de álcool.
Impulsionada principalmente pela expansão do carro flex, a produção de álcool cresceu 79% no país desde 2003, segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
As vendas de veículos bicombustíveis representaram 87,5% do total em 2008. O consumo de álcool correspondeu a 51% do volume total de combustíveis usados em veículos leves.

Revisão
Diante desse cenário, a Petrobras reviu a estratégia de focar sua atuação apenas na exportação de álcool. A estatal investirá US$ 3,3 bilhões em biocombustíveis até 2013. Desse total, US$ 1,9 bilhão irá para a produção de etanol para venda no país e no exterior.
Neste ano, a Petrobras vai investir em quatro projetos de novas usinas focadas em exportação. Serão mais cinco em 2010 e oito em 2011. Também está prevista a instalação de uma usina na Colômbia. Juntas, produzirão 2 bilhões de litros até 2013 destinados ao mercado externo -39% do volume total de álcool exportado pelo Brasil em 2008.
A Petrobras não divulga quantas usinas pretende adquirir no país, mas Kardec disse que já negocia com alguns grupos. Segundo ele, a companhia poderá entrar em projetos em andamento com dificuldade para serem concluídos.
Diante da crise e da expectativa não confirmada de forte crescimento da demanda externa, muitos projetos de novas usinas foram postergados ou cancelados. Há dois anos, o setor convive com preços deprimidos e sofreu ainda mais com o agravamento da crise.
O diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, reagiu bem à intenção da Petrobras: "É melhor um cenário de maior concorrência, mas com empresas capitalizadas, com suporte de capital de giro e condições de estocagem que garantam os preços".


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