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Italianos recorrem à
máfia para obter crédito
DA REDAÇÃO
A crise global já derrubou a
economia italiana para a maior
recessão em pelo menos três
décadas, mas, para a máfia, os
problemas acabaram se tornando mais uma fonte de lucro.
Com os bancos tornando o
acesso ao crédito cada vez mais
difícil, cresce o número de empresas que estão apelando a
agiotas dos grupos mafiosos para conseguir dinheiro para financiar suas operações.
No ano passado, 180 mil
companhias italianas recorreram a empréstimos da máfia,
somando 15 bilhões, sendo
uma das atividades que mais
renderam para os grupos criminosos, segundo levantamento da Confesercenti (que reúne
pequenas empresas do país).
Em 2007, quando financiamentos não eram tão difíceis
de serem obtidos nas instituições financeiras do país, 150
mil empresas apelaram para o
dinheiro da máfia.
"A crise econômica torna a
máfia ainda mais perigosa",
afirmou o presidente da Confesercenti, Marco Venturi. "Os
negócios da máfia utilizam a
fraqueza e a incerteza econômicas para fortalecer as suas
posições. É necessário reagir
com determinação."
Não há dados estatísticos sobre os juros cobrados pelos
agiotas, mas, nos casos denunciados no ano passado, variavam de 55% a 730% ao ano,
com boa parte girando em torno de 120% -menos, portanto,
do que o cobrado pelos bancos
nacionais pelo uso de cheque
especial para pessoa física
(170% ao ano) em janeiro, segundo dados do BC. Já os juros
médios no Brasil naquele mês
ficaram em 42,4% ao ano,
"Ao contrário de outros negócios, a máfia foi muito pouco
afetada pelas crises econômica
e financeira internacional", diz
o estudo da associação de empresas. Com a economia italiana se retraindo nos últimos
três trimestres do ano passado
(fato que não tinha ocorrido na
atual série histórica, iniciada
em 1981), as empresas enfrentam dificuldades para manter
seu ritmo de vendas -que são
agravadas pela indisposição
das instituições financeiras de
conceder empréstimos.
Para Roberto Saviano, autor
do livro "Gomorra", sobre a Camorra, um dos principais grupos mafiosos italianos ao lado
da 'Ndrangheta, da Cosa Nostra e da Sacra Corona Unita, "o
mercado do crime nunca sofre
durante a crise. Estou convencido de que esta crise está trazendo enormes vantagens para
os sindicatos criminosos".
Com agências internacionais
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