São Paulo, Sexta-feira, 05 de Março de 1999
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EXPORTAÇÕES
Valor deve ser alcançado em 2002
Real fraco facilita a meta de US$ 100 bi

da Sucursal de Brasília

O governo acredita que a meta de exportar US$ 100 bilhões até o ano 2002 -praticamente inviável até a desvalorização do real- poderá ser revista para cima nas próximas semanas.
O secretário-executivo da Camex, embaixador José Botafogo Gonçalves, fez a afirmativa ontem, ao final de reunião que teve com representantes de 15 bancos nacionais e estrangeiros, em que se discutiu como reativar as linhas de crédito para a exportação.
O presidente do Banco do Brasil, Andrea Calabi, disse que suas projeções para a balança comercial em 99 se inverteram de janeiro para cá: de déficit de US$ 6 bilhões para superávit de US$ 6 bilhões.
Todas essas previsões otimistas, no entanto, dependem da obtenção de crédito para as exportações.
A reunião de ontem, embora avaliada com superlativos pelos participantes, não foi conclusiva.
Os dois grandes temas foram a busca de alternativas de fontes de financiamento para a exportação e o debate de fórmulas para aumentar o acesso ao crédito para micro, pequenas e médias empresas.
No primeiro item, falou-se em emissão de bônus com garantia ou participação de entidades multilaterais como o Banco Mundial, um processo de lenta maturação.
No segundo ponto, discutiu-se a possibilidade de a rede privada de bancos poder oferecer fundos de aval atualmente disponíveis apenas no BNDES. Representantes do Banco Central e do BNDES vão se encontrar para definir o que é preciso ser feito para que isso ocorra.
Recomendou-se que missões do governo brasileiro sejam enviadas ao exterior para reafirmar à comunidade financeira os princípios de sua política econômica.
"Há uma percepção equivocada do mercado que precisa ser corrigida", disse Botafogo Gonçalves.
Ele lembra que, mesmo durante a moratória de 87, o Brasil nunca deixou de honrar seus compromissos comerciais e que esse é um ponto de confiabilidade que precisa ser repetido com insistência.
Outra sugestão ouvida pelo governo foi que o BNDES precisa tornar mais ágeis as operações do Proex (Programa de Incentivo à Exportação).

Apoio
O presidente do BNDES, José Pio Borges, disse ontem que o banco vai apoiar, com financiamentos, trocas de ações ou outras possibilidades que surjam, os programas de reestruturação de setores como o siderúrgico, o petroquímico e o de papel e celulose.
A reestruturação, nos três casos, tem o objetivo de reduzir o número de empresas, via associações, fusões ou aquisições, para dar às que sobrarem portes maiores e, consequentemente, mais condições de competir no exterior.
Pio Borges disse que o processo de reestruturação do setor siderúrgico é o que está mais avançado e que é provável sua conclusão até o final deste ano.


Colaborou a Sucursal do Rio



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