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Lojas apostam em "cartão compartilhado"
No sistema, consumidor usa o cartão de um estabelecimento em outro, com o mesmo crédito aprovado
KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE
Os cartões de loja, que já somam 142 milhões e movimentaram R$ 40 bilhões em 2007,
segundo a Abecs (Associação
Brasileira das Empresas de
Cartões de Crédito e Serviços),
ganharam uma nova modalidade. A aposta do mercado para
atrair os consumidores de renda mais baixa ao mundo do dinheiro de plástico é o uso de um
cartão compartilhado.
A proposta, chamada de
"open private", foi iniciada pela
Good Card e permite que o consumidor use o cartão de uma
loja em outro comércio, com o
mesmo crédito aprovado e possibilidades de parcelamento. O
uso, normalmente, é regional.
Gilberto Dib, organizador da
Cards, feira sobre o assunto que
ocorre em São Paulo de 14 a 16
de abril, afirmou que essa é a
"terceira onda" dos "private label", como são chamados os
cartões de loja. A primeira foi a
possibilidade de financiar as
compras, e a segunda foi a iniciativa de adotar uma bandeira.
"O processo tem como princípio fidelizar o cliente. Com o
tempo, as financeiras passam a
se interessar pelas carteiras.
Atualmente, há lojas com cartões que podem ser utilizados
em qualquer outro lugar, inclusive fora do Brasil", afirma.
Dib calcula que 60% dos cartões de loja já tiveram suas carteiras de clientes compradas
por financeiras e parte já foi
"bandeirada". O chamado
"open private" foi a alternativa
encontrada pelo comércio de
pequeno e médio porte, que
não tem os requisitos para uma
bandeira internacional (como
Visa e Mastercard), para ampliar o uso de seus cartões.
Segundo Dib, a flexibilização
atinge principalmente quem
tem vários cartões de lojas, mas
prefere não usar um cartão de
crédito, normalmente porque
teme perder controle de gastos.
Baixa renda
Fernando Chacon, diretor de
Marketing e Cartões do Itaú,
afirmou que os cartões de lojas
são a "porta de entrada dos
usuários de renda mais baixa ao
mundo dos cartões de crédito".
Entre os apelos, está a ausência
da anuidade e o controle dos
gastos, já que o crédito aprovado, em geral, é menor que o de
um cartão de crédito.
O potencial de crescimento,
segundo ele, seguirá a tendência dos últimos anos. Em 2003,
os "private label" somavam 71
milhões de unidades e movimentavam R$ 17,6 bilhões por
ano, números que saltaram para 142 milhões e R$ 40 bilhões.
A baixa renda (abaixo de R$
1.499 por mês) detém 61% dos
cartões em circulação, mas o
gasto anual é quase 70% menor
que os daqueles com renda
maior, diz pesquisa do Itaú.
Carlos Ogata, vice-presidente executivo da Good Card, afirmou que o usuário do "open
private" da empresa poderá
utilizar o cartão em todas as 60
mil lojas que aceitam os chamados cartões benefícios, mais antigos e que estão no mercado há
oito anos, nas mãos de 1,3 milhões de usuários.
Ele ressalta, no entanto, que
a loja que emitir o cartão da
Good Card poderá restringir o
uso do plástico como forma de
pagamento em seus rivais. A
Good Card fechou acordo com
a rede Herval, que atua no Sul,
com potencial para 400 mil
cartões. Outros 200 mil estão
em elaboração.
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