São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Lojas apostam em "cartão compartilhado"

No sistema, consumidor usa o cartão de um estabelecimento em outro, com o mesmo crédito aprovado

KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE

Os cartões de loja, que já somam 142 milhões e movimentaram R$ 40 bilhões em 2007, segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), ganharam uma nova modalidade. A aposta do mercado para atrair os consumidores de renda mais baixa ao mundo do dinheiro de plástico é o uso de um cartão compartilhado.
A proposta, chamada de "open private", foi iniciada pela Good Card e permite que o consumidor use o cartão de uma loja em outro comércio, com o mesmo crédito aprovado e possibilidades de parcelamento. O uso, normalmente, é regional.
Gilberto Dib, organizador da Cards, feira sobre o assunto que ocorre em São Paulo de 14 a 16 de abril, afirmou que essa é a "terceira onda" dos "private label", como são chamados os cartões de loja. A primeira foi a possibilidade de financiar as compras, e a segunda foi a iniciativa de adotar uma bandeira.
"O processo tem como princípio fidelizar o cliente. Com o tempo, as financeiras passam a se interessar pelas carteiras. Atualmente, há lojas com cartões que podem ser utilizados em qualquer outro lugar, inclusive fora do Brasil", afirma.
Dib calcula que 60% dos cartões de loja já tiveram suas carteiras de clientes compradas por financeiras e parte já foi "bandeirada". O chamado "open private" foi a alternativa encontrada pelo comércio de pequeno e médio porte, que não tem os requisitos para uma bandeira internacional (como Visa e Mastercard), para ampliar o uso de seus cartões.
Segundo Dib, a flexibilização atinge principalmente quem tem vários cartões de lojas, mas prefere não usar um cartão de crédito, normalmente porque teme perder controle de gastos.

Baixa renda
Fernando Chacon, diretor de Marketing e Cartões do Itaú, afirmou que os cartões de lojas são a "porta de entrada dos usuários de renda mais baixa ao mundo dos cartões de crédito". Entre os apelos, está a ausência da anuidade e o controle dos gastos, já que o crédito aprovado, em geral, é menor que o de um cartão de crédito.
O potencial de crescimento, segundo ele, seguirá a tendência dos últimos anos. Em 2003, os "private label" somavam 71 milhões de unidades e movimentavam R$ 17,6 bilhões por ano, números que saltaram para 142 milhões e R$ 40 bilhões.
A baixa renda (abaixo de R$ 1.499 por mês) detém 61% dos cartões em circulação, mas o gasto anual é quase 70% menor que os daqueles com renda maior, diz pesquisa do Itaú.
Carlos Ogata, vice-presidente executivo da Good Card, afirmou que o usuário do "open private" da empresa poderá utilizar o cartão em todas as 60 mil lojas que aceitam os chamados cartões benefícios, mais antigos e que estão no mercado há oito anos, nas mãos de 1,3 milhões de usuários.
Ele ressalta, no entanto, que a loja que emitir o cartão da Good Card poderá restringir o uso do plástico como forma de pagamento em seus rivais. A Good Card fechou acordo com a rede Herval, que atua no Sul, com potencial para 400 mil cartões. Outros 200 mil estão em elaboração.


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