São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

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Vence amanhã prazo para país se defender em NY

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

Os credores da dívida externa argentina estão começando a dar problemas para o presidente Eduardo Duhalde.
Amanhã vence o prazo para que o país se defenda em um tribunal de Nova York em decorrência da primeira ação judicial movida contra a Argentina desde a decretação da moratória em dezembro do ano passado.
A Argentina poderá ser obrigada a pagar suas dívidas aos credores internacionais.
Segundo o jornal "La Nación", na ação, o fundo de investimentos DCA Grantor Trust, da Flórida, solicita o pagamento de US$ 1,265 bilhão em títulos públicos.
Uma decisão desfavorável do juiz Thomas Griesa, de Nova York, abriria um precedente perigoso para o governo argentino.

Reservas e dívidas
O país possui pouco mais de US$ 12 bilhões em reservas internacionais, enquanto a dívida soberana chega a US$ 147 bilhões.
O fundo afirmou no despacho da acusação que não tem recebido os juros de uma emissão de bônus globais do governo argentino com vencimento em 2003 e também de uma emissão de bônus da Província de Buenos Aires com vencimento em 2007.
Baseado em um cláusula denominada "cross default", o fundo pede não apenas o pagamento de juros atrasados, mas também o adiantamento do principal de toda a dívida.
O escritório de advocacia que representa o governo argentino no caso -o Cleary, Gottlieb, Steen & Hamilton- tentará adiar ao máximo a decisão do tribunal de Nova York.
Os advogados pedirão um segundo adiamento para a entrega da defesa -o primeiro ocorreu há cerca de um mês.
Antes do veredicto final, o país tentaria fechar um acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e, depois, procuraria os credores para iniciar o processo de renegociação da dívida que tem a pagar.

Calote
Caso não consigam outro adiamento, os advogados vão argumentar que o país não declarou oficialmente o calote. De acordo com uma resolução divulgada pelo Ministério da Economia na semana passada, o cumprimento dos compromissos teria sido apenas postergada para 2003.
Até o dia 15, a Argentina também precisa encontrar uma solução para pagar uma dívida de US$ 800 milhões com o Bird (Banco Mundial).
O ministro da Economia do país, Roberto Lavagna, informou que tenta obter um empréstimo-ponte de 30 dias para evitar o calote com o banco.
O empréstimo tem sido negociado com outros países e também organismos multilaterais de crédito.


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