São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2006

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MERCADO ABERTO

Moacyr Lopes/Folha Imagem
Parreira em palestra em SP a gestores de recursos, a convite da empresa austríaca Superfund


Bancos discutem "spread" com Mantega

Falta transparência ao debate sobre os "spreads" bancários no Brasil, que não acompanham a queda da taxa básica de juros por razões macroeconômicas, entraves legais e tributação, entre outros. Essa será a base da exposição dos bancos no encontro de hoje convocado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, em São Paulo.
O ministro convocou a reunião na sede da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) para discutir "spread" bancário e formas de estimular o crédito no país.
A entidade irá entregar a Mantega dados que mostram o tamanho dos juros cobrados em diversas modalidades de crédito, a maioria abaixo dos estimados 146,4% para o cheque especial e o cartão de crédito. "Muito se fala nos juros elevados nessas duas modalidades, mas elas respondem, somadas, por menos de 4% do volume total de crédito. E ninguém fala que o juro para o setor rural, por exemplo, está em 8,8%", diz Roberto Troster, economista-chefe da Febraban.
Os bancos irão ainda argumentar que é preciso discriminar os componentes do "spread" para que se possa buscar meios para reduzi-lo. Cálculo da entidade aponta que, mesmo que fossem zerados fatores como Selic, custos e lucros dos bancos e inadimplência, ainda assim o "spread" ficaria em 29,4% ao ano devido ao impacto da tributação, como CPMF, PIS, Cofins e IOF.
Outros fatores elencados como responsáveis pelo tamanho do "spread" ou como limitador do crédito no país são os obstáculos macroeconômicos, como a elevada taxa básica de juros e o efeito deslocamento (gráfico acima), em que os gastos públicos, financiados em parte por meio da colocação de dívida no mercado com juros altos, concorrem com o setor privado por recursos.
A entidade irá apontar entraves legais para a queda do "spread", como insegurança jurídica de contratos, estrutura normativa defasada e morosidade e politização das decisões do Judiciário.
Troster diz ainda que os valores são menores para modalidades que tenham mais garantias, caso do crédito consignado ("spread" de 22 pontos percentuais) e dos contratos de ACC, para exportadores ("spread" de 0,6 p.p.).

PESO PESADO
O nível de emprego da construção pesada registrou alta de 20,55% no acumulado dos últimos 12 meses, com a abertura de 5.927 postos de trabalho. Os dados são do Sinicesp (sindicato do setor), que também apontou alta de 2,48% em março sobre fevereiro, com a contratação de 843 trabalhadores. Em março do ano passado, porém, o setor empregava 28.847 trabalhadores, um de seus menores patamares.

NOVO COMANDO
O executivo Luiz Kaufmann é o novo presidente da Medial, empresa de planos de saúde com mais de 800 mil clientes e faturamento superior a R$ 1 bilhão. A Medial também ampliou seu conselho administrativo, com nomes como os de Geraldo Carbone, presidente do BankBoston, e Fernando Tigre, que deixou a presidência da Kaiser, além de Alcides Tápias, que integra o conselho desde 2004.

LIQÜIDEZ CONTÍNUA
Um novo aumento de 0,25 ponto percentual é esperado na próxima reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (o BC americano), na quarta que vem, para 5% ao ano. É um número elevado em relação ao 1% em meados de 2004. Mas, em termos reais, a taxa continua relativamente baixa e permite uma liqüidez internacional favorável, o que é benéfico aos países em desenvolvimento, afirma o economista Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP.

SERTÃOZINHO VERDE
O presidente do Partido Verde alemão, Fritz Kuhn, e o deputado federal Winfried Herman integram comitiva do país que visita a cidade de Sertãozinho, nesta semana, para conhecer a Usina São Francisco, um dos maiores projetos de agricultura orgânica do mundo. A visita à usina, detentora da marca Native, é resultado da apresentação do modelo de produção feita em Nuremberg, em 2005, com a comitiva do ministro Furlan, que propôs a redução dos impostos de importação para produtos orgânicos.

RECONHECIMENTO
A Natura acaba de acertar uma parceria com o shopping Villa-Lobos, em São Paulo, para realizar o projeto "Um Dia Especial", em que levará para a capital paulista, ainda no primeiro semestre, 1.440 consultoras de todo o país para um passeio de lazer. Serão premiadas as consultoras da empresa de cosméticos com mais tempo de "casa" -ao menos 15 anos-, que terão condições especiais para suas compras nesse dia. Estão previstos, por exemplo, descontos de até 30% em algumas lojas do shopping.

"Meu ataque precisa melhorar", diz Parreira

Às vésperas da convocação para a Copa do Mundo, o técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, abriu espaço na agenda ontem para um de seus últimos compromissos antes da competição: uma palestra exclusiva para 20 dos maiores gestores na área de private banking do país.
Na apresentação, ele se valeu de analogias entre a carreira e o comando da seleção e a gestão de recursos, como a busca por resultados sem descuidar do curto prazo e a necessidade de ter um portfólio e uma equipe titular equilibrados, além de saber resistir às pressões.
Sobre como investe seu patrimônio, disse que atua de forma conservadora, em imóveis comerciais -"apesar da falta de liqüidez, mas é um investimento seguro"- e em ações de grandes empresas na Bolsa, como Petrobras, Vale do Rio Doce, AmBev, Gerdau e Itaú.
"Um amigo me disse que meu meio-campo está bom, mas que o ataque precisa melhorar", brincou Parreira, em relação à ausência de investimentos mais agressivos.
"O pensamento é no longo prazo", completou o técnico.


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