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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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'FASE DOIS'

Governo vai estimular instituições privadas a participar do programa de microcrédito, com juros de 2% ao mês

Banco que cobrar juro menor terá incentivo

Alexandre Campbell - 17.jan.03/Folha Imagem
O presidente do BNDES, Carlos Lessa, defensor do microcrédito


GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O governo concederá incentivo aos bancos privados para participarem do programa de microcrédito, a ser lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva dentro de alguns dias.
De acordo com o que a Folha apurou, trata-se de um incentivo operacional que o Banco Central irá acoplar ao programa para os bancos que aderirem ao microcrédito.
O governo quer mobilizar os bancos privados para participarem do microcrédito. Para isso, a equipe econômica do governo chegou à conclusão de que será necessário conceder um incentivo para os bancos aceitarem cobrar juros baixos por essas operações.
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, admite que existe resistência por parte dos bancos em cobrar juros de 2% ao mês para o microcrédito.
Atualmente, os juros cobrados para essas operações são de 4,6% ao mês, uma taxa considerada muito alta por Lessa.
Segundo Lessa, da rede de 175 agentes financeiros que repassam os recursos do BNDES, apenas um, até agora, concordou em cobrar 2% de juros para as operações de microcrédito. Lessa não revelou o nome do banco. Disse apenas que se tratava de um banco privado.
Lessa não falou, no entanto, qual seria a posição dos bancos oficiais -Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
O tema será discutido nos próximos dias no Palácio do Planalto. A proposta de baixar os juros do microcrédito para 2% ao mês é do BNDES e ainda não foi aprovada pelo governo. Há a possibilidade de os juros se aproximarem de 3% quando o programa for lançado.
O plano de Lessa é criar condições para serem realizadas 1 milhão de operações do microcrédito em um ano com as taxas de juros mais baixas. As operações seriam de R$ 500 a R$ 5.000 cada uma. No ano passado, o BNDES realizou 100 mil operações de microcrédito.
De acordo com Lessa, o microcrédito é o programa do BNDES que apresenta o menor índice de inadimplência do banco -apenas 4%.
Segundo Lessa, o banco já cobra, desde esta semana, juros de apenas 1,8% ao mês para quem usar o Cartão BNDES, um cartão de crédito lançado em setembro do ano passado destinado às micro, pequenas e médias empresas.
Lessa fez essas declarações durante jantar em sua homenagem promovido pelo presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, Humberto Motta, em sua casa, no Rio, com a presença de diversos empresários e autoridades do governo.
Em sua exposição sobre o BNDES, Lessa disse que seu grande desafio é aumentar o crédito no país. Ele disse que é inaceitável o país ter um volume de crédito de apenas 23% do PIB, enquanto no Chile o crédito corresponde a 70%, nos Estados Unidos, a 110%, e na Alemanha, a 160% do PIB.
Comparando-se a Dom Quixote, personagem de Miguel de Cervantes (1547-1616), Lessa disse que, à frente do BNDES, tem feito muitos exercícios de sonho para o desenvolvimento do Brasil. Segundo ele, o sonho faz parte de suas atribuições na presidência do BNDES.
Entre esses sonhos, Lessa defendeu a criação da PetroAmérica, que seria uma grande estatal de petróleo a partir da fusão da Petrobras com a PDVSA, a gigante estatal petrolífera da Venezuela.
A idéia da PetroAmérica foi defendida, pela primeira vez, no início do ano, pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez.


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