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INTEGRAÇÃO
Brasil quer repetir estratégia dos EUA para a Alca
País pode fazer propostas mais generosas para os sul-americanos
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A exemplo do que fizeram os
EUA, o Brasil estuda fazer propostas diferenciadas de acesso a
mercado para os países da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas). Se a estratégia se confirmar, as propostas mais generosas, que prevêem abertura mais
rápida do mercado brasileiro, seriam para os sul-americanos.
A justificativa para ofertas melhores para os vizinhos brasileiros
seria a mesma usado pelos Estados Unidos: é preciso levar em
conta a diferença de tamanho das
economias.
No início do ano, os 34 países do
continente que negociam a Alca
apresentaram suas ofertas iniciais
de abertura de mercado. O Mercosul apresentou uma única proposta para todo o continente. Os
EUA, por sua vez, fizeram quatro
propostas diferentes. A menos generosa foi para o Mercosul.
Para os países do Caribe, os Estados Unidos ofereceram isenção
imediata de tarifas de importação
para 91% dos produtos industrializados e bens de consumo importados pelo país; para a América Central, 66%; para os países
andinos (Venezuela, Peru, Colômbia, Bolívia e Equador), 61%; e
para o Mercosul, 58%.
A estratégia da maior potência
mundial foi interpretada como
uma maneira de isolar o Brasil e a
Argentina nas negociações. Ao fazer ofertas mais amplas para os
demais países, os EUA minariam
eventuais alianças com o Brasil.
O Itamaraty não ficou nada satisfeito com o formato de negociação dos EUA. Argumentava-se
que a série de acordos bilaterais
entre os EUA e as respectivas regiões criariam uma colcha de retalhos.
O governo brasileiro, no entanto, se convenceu de que precisa
trabalhar com o fato de que os
EUA "bilateralizaram" a Alca.
Agora, é o Brasil que estuda fazer
propostas diferenciadas.
Ao privilegiar os vizinhos sul-americanos com ofertas mais
abrangentes, o governo também
estaria colocando em prática o
discurso de priorizar a região nas
suas relações políticas e econômicas. As negociações, além de criar
uma maior coesão política na
América do Sul, poderiam evitar
o isolamento do Brasil por parte
dos Estados Unidos.
A possibilidade de propostas diferenciadas ainda não está fechada. Seria, no entanto, uma decorrência natural da estratégia americana e do próprio Brasil, que
quer negociar acesso a mercado
diretamente com os Estados Unidos na Alca.
O que já está decidido, do lado
brasileiro, é a necessidade de diminuir as ambições da Alca. O
ministro das Relações Exteriores,
Celso Amorim, comunicou ao representante de Comércio dos
EUA, Robert Zoellick, no final do
mês passado, que o Brasil pretendia retirar da mesa de negociações da Alca temas considerados
sensíveis pelo país, como compras governamentais e investimentos.
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