São Paulo, sábado, 05 de junho de 2004

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SINAL AMARELO

Volume representa uma semana de fiscalização no porto de Paranaguá; Ministério da Agricultura lacra cargas

Soja apreendida no PR chega a 360 toneladas

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PARANAGUÁ

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Mais seis caminhões carregados de soja contaminada com fungicidas foram apreendidos ontem no porto de Paranaguá (PR). Na quarta-feira, a mesma quantidade de caminhões foi impedida de descarregar nos terminais de exportação pelo mesmo motivo. Chega a 360 toneladas o volume de soja contaminada apreendida na semana em Paranaguá.
Uma equipe do Ministério da Agricultura lacrou as cargas e deverá exigir dos proprietários a sua destruição. A soja misturada à semente com alto teor de veneno foi detectada em análises da Claspar (Companhia Paranaense de Classificação de Produtos). A empresa -que pertence ao governo do Paraná- examina 100% das cargas de grãos e farelo escoadas pelo porto.
O chefe do escritório da Claspar no porto, César Elias Simão, disse que as cargas contaminadas foram embarcadas em cidades do Paraná, de Mato Grosso e de Santa Catarina. Ele não revelou os nomes dos proprietários, exportadores ou o país a que se destinariam. A China abriu uma crise na exportação brasileira da commodity, por ter recusado carregamentos do produto com esse tipo de contaminação.
Nas cargas "refugadas" ontem pela Claspar foram encontrados grãos com pigmentos nas cores rosa, verde e cinza grafite. As cores denunciam a mistura de sementes tratadas com fungicida destinadas apenas ao plantio com grãos destinados ao consumo.

Santos
Todas as análises técnicas realizadas em amostras da soja oriunda do porto de Santos (SP) e rejeitada por importadores chineses indicaram não haver nenhum tipo de contaminante no carregamento. A informação é do delegado do Ministério da Agricultura no Estado de São Paulo, Francisco Sérgio Ferreira Jardim, para quem, do ponto de vista técnico, a carga "estava OK".
A mercadoria -60,9 mil toneladas de soja em grão devolvidas pelos chineses- saiu do terminal da empresa Cargill, no porto de Santos (SP), no dia 14 de abril, a bordo do navio Eleftheria.
Segundo Ferreira Jardim, embora tenha partido antes da data em que se intensificou o procedimento de fiscalização no porto (17 de maio), o navio foi submetido a uma inspeção mais rigorosa do que a convencional na ocasião.
Até antes do dia 17, os montes de soja nos silos dos terminais eram verificados somente por amostragem, devido à inexistência de casos antecedentes semelhantes. "Nunca tivemos reclamação nenhuma de outros países para os quais exportamos a mesma soja", afirmou o delegado.
Após o dia 17, todos os montes de soja passaram a ser examinados. No caso da carga do Eleftheria, o monte foi selecionado pelo critério de amostragem, segundo Jardim. Nessa análise, o fiscal entra no silo e examina o produto tanto na superfície quanto nas camadas interiores.
Além dessa avaliação, foram feitas as verificações convencionais (visual e em laboratório) nos 25 quilos de amostras retiradas da carga, em análises efetuadas tanto pela própria Cargill, empresa exportadora, quanto pelo Ministério da Agricultura e pela empresa certificadora do produto, a SGS do Brasil.
"Na semana passada, estivemos na SGS com engenheiros agrônomos do Ministério da Agricultura para olhar as amostras deles e não detectamos nada", disse Jardim.


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