São Paulo, segunda-feira, 05 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Investidores devem se preparar para mais dias de turbulência no mercado

DA REPORTAGEM LOCAL

Os investidores devem se preparar para novos dias de turbulência neste mês, alertam os analistas. Os fatores que trouxeram instabilidade ao mercado doméstico e ceifaram a rentabilidade de alguns ativos financeiros em maio continuam presentes e devem provocar oscilações em junho.
"A fonte primária da volatilidade permanece: é o Fed [o banco central dos EUA], que tem dado sinais de ter muitas dúvidas sobre o rumo da inflação corrente americana e, portanto, do limite de alta dos juros", observa Darwin Dib, economista sênior do Unibanco.
Para a RC Consultores, o clima adverso nos mercados deve durar pelo menos um mês, até a realização da próxima reunião do Fomc (o Copom americano), marcada para 29 deste mês. "O crescimento desequilibrado da economia americana, ancorado na evolução dos déficits gêmeos - fiscal e comercial- é o principal fator de risco do mercado internacional", diz Fábio Silveira, economista da RC consultores.
Desde os anos 1990, com a inserção da economia brasileira no mercado global, o país é sacudido por eventos externos. "A novidade, desta vez, foi o tamanho do impacto sobre o câmbio e os juros futuros", afirma Dib.
A razão da forte oscilação desses mercados locais, segundo ele, foi o peso que ganharam os investimentos de estrangeiros em títulos do Tesouro Nacional desde que o governo isentou esses investidores de Imposto de Renda.
Até abril, segundo dados do Banco Central, os investimentos de estrangeiros em renda fixa no país, giraram US$ 6,5 bilhões líquidos (diferença entre aplicações e resgates) entre fevereiro e abril. O estoque total de aplicações de estrangeiros no mercado local de renda fixa chegou a US$ 10,5 bilhões em abril.
Quando esses investidores se assustaram com a possibilidade de os juros americanos subirem mais e buscaram migrar para os títulos do Tesouro dos EUA, de menor risco, a porta de saída ficou estreita. O resultado foi a forte oscilação no câmbio durante duas semanas e a desvalorização dos títulos do Tesouro Nacional indexados à inflação, as NTN-Bs.
Além disso, o Banco Central havia feito uma pesada intervenção no mercado de câmbio na primeira quinzena de maio, comprando US$ 4 bilhões em duas semanas. "Quando a crise se agravou, esses US$ 4 bilhões fizeram falta para dar saída aos investidores estrangeiros", observa Dib. (SB)


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Analista vê estouro de bolha de commodities
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.