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Advogado afirmava ter "trânsito dentro do governo", relata ex-sócio da VarigLog
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Recebemos o Cheta [Certificado de Homologação de Empresas de Transporte Aéreo] da
Varig e, no dia seguinte, ele me
apresentou ao presidente Lula
em Brasília." É assim que o empresário Marco Antonio Audi,
ex-presidente do conselho de
administração da VarigLog, dá
a dimensão da influência do advogado Roberto Teixeira.
Audi, que, ao lado de dois sócios brasileiros, aliou-se ao fundo americano Matlin Patterson
para comprar a VarigLog, diz
que, por contrato, estava prevista uma taxa de sucesso a ser
paga ao advogado caso saísse a
aprovação para a compra da
empresa. "Eu tenho o contrato
em mãos, posso provar que
existia essa taxa de sucesso."
Ele afirmou que a empresa
pagou a soma de cerca de US$ 5
milhões ao escritório de Teixeira por serviços prestados no caso. "Eles fechavam a conta dos
serviços por mês, dava entre
US$ 500 mil e US$ 800 mil
mensais. Quando o contratei,
ele me disse que tinha trânsito
no DAC [Departamento de
Aviação Civil, substituído depois pela Anac] e no governo."
Segundo Audi, isso ficou evidente nos meses que se seguiram. "Ele tinha entrada em tudo o que era lugar. Estive duas
vezes com a Dilma Rousseff, as
duas vezes levado por ele. Demonstrava intimidade com todos no governo. Em todos os
ministérios aonde nos levava,
os porteiros o reconheciam."
Audi disse ter dúvidas se a
aprovação para a compra da
VarigLog sairia sem o advogado. "Se você me perguntar:
aprovariam sem ele? Não sei
dizer. Ele foi decisivo nesse
processo." Declarou ainda que
Teixeira insinuou a possibilidade de usar seu poder junto ao
governo para ajudá-lo. "Por
princípio nunca entrei nessa,
não aceito essas coisas."
Procuradas pela Folha, TAM
e Gol informaram que as companhias não irão se pronunciar
sobre o caso VarigLog.
Em nota, o fundo Matlin Patterson afirmou que "refuta
com veemência" as afirmações
de Denise Abreu e Audi. "Em
momento algum houve qualquer tipo de favorecimento ilegítimo às empresas [...] Sejam
quais forem as razões ocultas
dos acusadores, isso não altera
os fatos estampados nos processos judiciais: as imensas dificuldades criadas pela Anac, à
época, para a ressurreição da
Varig e os graves ilícitos envolvendo o desvio de recursos investidos na VarigLog." O fundo
acusa na Justiça os sócios brasileiros de desvios de capital.
Eles negam.
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