São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Advogado afirmava ter "trânsito dentro do governo", relata ex-sócio da VarigLog

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Recebemos o Cheta [Certificado de Homologação de Empresas de Transporte Aéreo] da Varig e, no dia seguinte, ele me apresentou ao presidente Lula em Brasília." É assim que o empresário Marco Antonio Audi, ex-presidente do conselho de administração da VarigLog, dá a dimensão da influência do advogado Roberto Teixeira.
Audi, que, ao lado de dois sócios brasileiros, aliou-se ao fundo americano Matlin Patterson para comprar a VarigLog, diz que, por contrato, estava prevista uma taxa de sucesso a ser paga ao advogado caso saísse a aprovação para a compra da empresa. "Eu tenho o contrato em mãos, posso provar que existia essa taxa de sucesso."
Ele afirmou que a empresa pagou a soma de cerca de US$ 5 milhões ao escritório de Teixeira por serviços prestados no caso. "Eles fechavam a conta dos serviços por mês, dava entre US$ 500 mil e US$ 800 mil mensais. Quando o contratei, ele me disse que tinha trânsito no DAC [Departamento de Aviação Civil, substituído depois pela Anac] e no governo."
Segundo Audi, isso ficou evidente nos meses que se seguiram. "Ele tinha entrada em tudo o que era lugar. Estive duas vezes com a Dilma Rousseff, as duas vezes levado por ele. Demonstrava intimidade com todos no governo. Em todos os ministérios aonde nos levava, os porteiros o reconheciam."
Audi disse ter dúvidas se a aprovação para a compra da VarigLog sairia sem o advogado. "Se você me perguntar: aprovariam sem ele? Não sei dizer. Ele foi decisivo nesse processo." Declarou ainda que Teixeira insinuou a possibilidade de usar seu poder junto ao governo para ajudá-lo. "Por princípio nunca entrei nessa, não aceito essas coisas."
Procuradas pela Folha, TAM e Gol informaram que as companhias não irão se pronunciar sobre o caso VarigLog.
Em nota, o fundo Matlin Patterson afirmou que "refuta com veemência" as afirmações de Denise Abreu e Audi. "Em momento algum houve qualquer tipo de favorecimento ilegítimo às empresas [...] Sejam quais forem as razões ocultas dos acusadores, isso não altera os fatos estampados nos processos judiciais: as imensas dificuldades criadas pela Anac, à época, para a ressurreição da Varig e os graves ilícitos envolvendo o desvio de recursos investidos na VarigLog." O fundo acusa na Justiça os sócios brasileiros de desvios de capital. Eles negam.


Texto Anterior: Roberto Teixeira mantém acesso direto ao presidente Lula desde o 1º mandato
Próximo Texto: Parecer foi técnico, diz ex-procurador
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.