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Ritmo frenético tenta salvar a Rodada Doha
DO ENVIADO ESPECIAL A ROMA
Por ser muito cedo, a Piazza Navona ainda não começara a receber seu habitual
lote de turistas quando o diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, deixou a
embaixada do Brasil, um dos
marcos da praça, após tomar
o café da manhã com o chanceler brasileiro, Celso Amorim.
Lamy saía, rumo ao aeroporto para embarcar para
Paris, e entravam quatro dos
principais negociadores brasileiros, que chegavam de
Genebra, o quartel-general
da OMC de Lamy.
Quando o sol já queimava
no quase-verão romano, chegou Susan Schwab, a chefe
do USTr (uma espécie de Ministério do Comércio Exterior norte-americano), para
reunir-se e, em seguida, almoçar com Amorim, que, logo depois, iria para Paris,
mesmo destino de Schwab (e
de Lamy).
Vão se encontrar com, entre outros, o ministro indiano do Comércio, Kamal
Nath, e o comissário europeu
para o Comércio, Peter Mandelson.
Flávio D'Amico, um dos
quatro diplomatas que chegavam à embaixada quando
Lamy saía, vinha de duas semanas de reuniões dia e noite em Genebra, uma rotina
que se arrasta desde setembro.
Todos esses personagens
são atores centrais da Rodada Doha, a mais ambiciosa
negociação planetária para a
liberalização comercial, lançada em 2001, mas encantada desde então, do que dá
prova o frenético ir-e-vir dos
negociadores.
O frenesi não impediu que
se perdesse um prazo após o
outro. O mais recente deles é
a data para uma Conferência
Ministerial, a instância suprema da OMC, a única que
de fato decide -e tem que
decidir pelo consenso entre
os 151 países-membros. Não
há votação -o que ajuda a
explicar por que o ritmo frenético não conduz a acordos.
Pelos estatutos da OMC, a
Ministerial tem que dar-se a
cada dois anos. A mais recente foi em Hong Kong, em dezembro de 2005.
Logo, deveria ter havido
outra até dezembro do ano
passado. Não houve porque
fracassaria ante os desacordos sobre Doha.
Numa mini-ministerial
em Davos, em janeiro passado, acenou-se com a hipótese
de uma Ministerial em abril.
Não deu. Agora, Schwab diz
que pode ser neste mês ou
em julho.
"Abril, neste ano, vai cair
em junho. Ou julho", brinca o
chanceler Amorim, ao aceitar a hipótese de Schwab.
(CR)
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