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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Apesar de calmaria com a recente elevação da taxa pelo Fed, novas altas testarão a resistência dos emergentes
Alívio com juros dos EUA pode durar pouco
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os mercados financeiros demonstraram alívio depois que o
Fed (o banco central dos Estados
Unidos) elevou em apenas 0,25
ponto percentual os juros na
quarta-feira passada. Mas, decorridos poucos dias, alguns analistas já afirmam que alegria de
emergente pode durar pouco.
No dia do anúncio do Fed, dólar, risco-país e juros nos mercados futuros recuaram, enquanto o
Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo) subia. E continuaram nessa tendência positiva até o final da semana.
O que os analistas querem saber
agora é quando vai começar o
chamado vôo para a qualidade
-a movimentação de investidores em direção a títulos da dívida
dos EUA, considerados ativos seguros e que estarão pagando taxas
cada vez mais altas.
Mas a volatilidade, embora mais
branda, deve continuar, segundo
economistas. Para alguns analistas, um ponto delicado na trajetória de alta das taxas dos Estados
Unidos será atingido quando os
juros americanos, que acabam de
subir para 1,25%, passarem dos
2% -o que pode ocorrer pouco
antes do final deste ano.
"A Europa deve tentar manter
os juros, hoje em 2%, até que a taxa americana alcance esse patamar. E aí vai começar a acompanhar o Fed para evitar desequilíbrio e impedir que o dinheiro vá
da Europa para os EUA", diz Luiz
Antonio Vaz das Neves, diretor de
pesquisa da corretora Planner.
A alta de juros nos EUA preocupa porque a redução do interesse
por ativos brasileiros diminui os
fluxos de investidores para o país.
Com menos dólares, a taxa de
câmbio tende a subir, o que provoca alta também de parte da dívida pública atrelada ao câmbio.
O alto grau de endividamento
do Brasil poderá colocá-lo em posição desfavorável em relação a
outros emergentes. "Na hora de
baixar o percentual alocado nesses países, gestores de fundos se
perguntarão quem são as economias mais endividadas e que mais
sofrerão com a redução de investimentos, diz Neves. "Infelizmente somos a Turquia e nós."
Desde que o Fed sutilmente sinalizou em janeiro que poderia
subir os juros, o fluxo de investimentos recuou. Foi um primeiro
movimento de manada, segundo
analistas, mas pode ocorrer um
movimento maior.
O alívio que se viu nos mercados na semana passada será continuamente testado. Mais do que
nunca, as atenções estarão voltadas para cada índice da economia
norte-americana que será divulgado. A partir deles, investidores
tentarão entender o ritmo que o
Fed imprimirá à redução dos juros americanos. A expectativa é
que os juros voltem a subir 0,25
ponto percentual em cada uma
das reuniões do Fed agendadas
para o segundo semestre.
"A declaração do Fed não nos
deu a mesma tranqüilidade que o
resto do mercado assumiu em relação à possibilidade de concretização da alta gradual de juros nos
EUA", segundo Alexandre Póvoa.
"Percebe-se uma euforia."
Para Neves, a calmaria dos mercados soa meio falsa. "Parece ressaca do mar: por cima, água calminha, por baixo, a coisa está revolta. Na última vez em que o Fed
subiu juros, de início, a Bolsa subiu três pregões seguidos e, depois, caiu em 15."
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