São Paulo, segunda-feira, 05 de agosto de 2002

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FOLHAINVEST

Com a turbulência, o melhor é diversificar aplicações

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quais as chances de o futuro presidente da República dar um calote na dívida pública e confiscar as aplicações financeiras?
A maioria dos consultores especializados em finanças pessoais acha que o Brasil está longe de chegar a essa situação.
Segundo eles, o melhor que o investidor ou mesmo correntista de banco tem a fazer com o seu dinheiro, frente à atual turbulência econômica, é diversificar a carteira de aplicações.
As alternativas vão desde o investimento em aplicações de renda fixa (como fundos DI e de renda fixa e/ou CDBs -Certificados de Depósitos Bancários) até as aquisições de imóveis e ações de companhias.
Para quem está prevendo o caos na economia, a única alternativa são os ativos reais. Ou seja, aquelas aplicações que não se resumem a títulos, como os lastreados na dívida pública federal.
Ativos reais sempre têm por trás um bem palpável. É o caso das ações de empresas cotadas nas Bolsas de Valores, imóveis (casas, sítios, terrenos, apartamentos residenciais ou comerciais) e ouro.
Na tabela acima, feita pelo consultor Fabio Colombo, há uma escala com as principais aplicações, alinhadas conforme o risco de mercado. Está listada, portanto, conforme a probabilidade de oscilação do investimento.
Entre as aplicações apresentadas, a caderneta de poupança é a que tem a menor chance de oscilação, e o mercado de ações está mais sujeito a variações, tanto para cima como para baixo.
No entanto, em caso de confisco, como observado durante o Plano Collor, em 1990, as únicas alternativas que ficariam imunes a isso seriam moedas estrangeiras em espécie, imóveis, fundos imobiliários, ouro, fundos de ações e ações.
Há sempre o risco, como também visto no passado, de essas aplicações sofrerem algum tipo de taxação adicional, mas os seus titulares dificilmente seriam proibidos de comercializá-las.
Os fundos balanceados e de derivativos, dependendo da composição, têm um risco parcial, já que podem ter parte do dinheiro investido em mercados sujeitos ou não a confiscos, como o de títulos públicos e contratos futuros, respectivamente.
Segundo consultores, é uma ilusão o investidor achar que, ao comprar um CDB, estará livre de ter o seu dinheiro engavetado, no caso de um calote na dívida pública, por ser um título emitido por um banco e não pelo governo.
"O sistema financeiro é todo interligado. Se tiver confisco, o CDB não vai escapar", diz Ricardo Humberto Rocha, professor do Laboratório de Finanças da USP. Nem as contas correntes tendem a ficar a salvo.
Além disso, boa parte do dinheiro captado pelos bancos por meio de CDBs é utilizada para comprar títulos públicos.
Ou seja, é emprestada para o governo. Se o governo resolve dar um calote, como o banco vai honrar o CDB?, perguntam os analistas.


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