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Analistas dizem que as perspectivas para o setor, nos próximos meses, não são favoráveis
Ações de bancos perderam 20% em julho
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Ações de bancos foram do inferno para o céu na última semana.
Despencaram na terça-feira, começaram a se recuperar no dia seguinte e na sexta-feira, figuraram
entre as maiores altas da Bovespa.
Mas a bonança não deve ser muito duradoura, segundo analistas.
A alta teria sido apenas uma
correção técnica feita pelo mercado, que considerou exagerada a
queda de papéis de grandes bancos. Os maiores do setor fecharam
o mês de julho com perdas acumuladas em mais de 20%, em razão de temor de calote na dívida
brasileira. Os bancos são os maiores detentores de títulos do governo.
A maior pressão para a queda
veio de investidores e bancos estrangeiros. " Os estrangeiros, que
foram os grandes vendedores, tiveram uma atuação desastrosa.
Venderam coisas muito boas, como papéis de bancos, siderúrgicas, entre outros", diz Paulo Possas, sócio-diretor da administradora de carteiras de investimentos Eagle Capital.
O melhor desempenho dos C-Bonds, títulos da dívida externa
brasileira, e a expectativa em relação ao acordo com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) contribuíram para a valorização de papéis do setor bancário.
Para os próximos meses, porém, as perspectivas não são favoráveis. Os bancos estão restringindo crédito, reduzindo sua carteira
de títulos públicos e estão perdendo receitas, dizem analistas.
Embora afirme que "o risco (para os bancos) é maior se houver
problema na dívida", para Júlio
Ziegelman, do BankBoston, em
geral, "bancos têm risco baixo
porque lucram com os juros na
área de crédito e na tesouraria."
As preocupações devem atravessar as eleições e a posse do futuro presidente. Há uma grande
quantidade de títulos da dívida
pública que vencem no primeiro
semestre de 2003, principalmente
no primeiro trimestre.
"Estou um pouco pessimista em
relação aos bancos, para o início
do ano que vem. O presidente
eleito vai ter que fazer a rolagem
da dívida", diz Gregório Mancebo
Rodriguez, da corretora Socopa.
Se as ações dos bancos voltarem
a sofrer por conta do medo de um
calote na dívida pública, afetarão
o Ibovespa. Os bancos tiveram
sua participação aumentada no
índice na revisão feita pela Bovespa, para o período de setembro a
dezembro deste ano.
Ibovespa
De acordo com a primeira prévia do novo Ibovespa (Índice da
Bolsa de Valores de São Paulo),
divulgada na quinta-feira passada, aumentou de 8,5% para 10% a
participação do setor de bancos
no índice. Bradesco terá um peso
de 4,950%, Itaú de 3,299% e Banco do Brasil de 1,842%.
Já a concentração do setor de telecomunicações, que crescia a cada virada de índice, manteve-se
praticamente estável na nova
composição, em vigor a partir de
1º de setembro.
O Ibovespa concentra os 57 papéis mais negociados no pregão
paulista em doze meses. O que
implica em maior participação no
índice é o volume de negociação
que o papel teve na Bolsa nos 12
meses anteriores. É uma média
ponderada que leva em conta a liquidez de cada papel.
Algumas empresas que caíram
muito no período, como GloboCabo e Embratel, ganharam participação no novo Ibovespa.
"O critério usado para compor a
participação no índice gera quase
uma distorção. A Vale do Rio Doce, por exemplo, está tendo correção negativa no Ibovespa", afirma
Ziegelman.
FMI
Na próxima semana, o desempenho, não apenas do setor bancário como de toda a Bolsa, estará
vinculado à evolução do acordo
com o FMI e às pesquisas eleitorais.
Analistas se dividem quanto à
possibilidade de o primeiro debate eleitoral (que seria transmitido
ontem pela TV Bandeirantes) ter
reflexos na Bolsa.
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