São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mantega prevê juro real de 5% até 2010

Segundo o ministro da Fazenda, próximo governo herda condições para crescer acima de 5% ao ano com estabilidade

Ele também prevê aumento do crédito para 50% do PIB, queda da relação dívida-PIB para 44% e risco-país de 200 pontos


ERNANE GUIMARÃES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem em São Paulo que o Brasil tem condições de diminuir pela metade os juros reais nos próximos anos: "Ao longo do próximo mandato presidencial, é possível que a taxa real de juros no Brasil possa caminhar para um patamar de cerca de 5%".
O valor, segundo ele, equivale à taxa real de juros dos EUA somada a um risco-país por volta de 200 pontos. O nível seria baixo para o histórico brasileiro -atualmente, o risco-Brasil ronda os 220 pontos-, mas similar ao risco atual de países como a Venezuela.
A declaração, feita para uma platéia de empresários durante um fórum organizado pela Câmara Americana de Comércio, foi acompanhada de dados positivos sobre a economia durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição.
Mantega tentou desvincular o discurso da perspectiva de campanha eleitoral, afirmando que o Brasil herdaria uma "combinação única" de estabilidade com crescimento, tendo condições de crescer mais de 5% ao ano, independentemente de quem assuma a Presidência. Ademais, idéias como a meta de superávit primário -para ele- não seriam contrariadas por concorrentes de Lula.
No entanto, Mantega recheou seu discurso com frases como "o objetivo do governo é continuar desonerando a carga fiscal", ou que essa política fiscal possibilitaria "caminhar para um déficit nominal zero ao longo do próximo mandato".
As projeções do ministro incluem a diminuição do volume relativo da dívida brasileira -hoje em torno de 50,3% do PIB (produto interno bruto)- para 44%, e o aumento do volume de crédito para 50% do PIB em 2010. Segundo dados do Banco Central, o crédito em junho chegou ao percentual mais alto desde 2001, 32,6% do PIB (R$ 654,69 bilhões).

Competição
Mantega disse que o "spread" bancário (a diferença entre os juros que os bancos pagam e o que cobram ao consumidor de crédito) precisa cair, de modo que haja um "amadurecimento do sistema financeiro brasileiro". "Há uma tendência a haver competição no sistema financeiro", vaticinou.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, esteve ontem presente ao mesmo evento e disse compartilhar da opinião de que as taxas de juros brasileiras são muito elevadas e devem ser reduzidas.
Segundo Meirelles, esse objetivo seria alcançado como conseqüência da estabilidade econômica. Com a previsibilidade da inflação, menos seria cobrado pela incerteza em relação à economia. "Não cabe à autoridade financeira voltar ao passado e tabelar preços, sabemos que isso não funciona."
Assim, a taxa básica de juros definida pelo Comitê de Política Monetária do banco deveria seguir a meta de inflação, e não uma estratégia "ousada e voluntarista". O depósito compulsório (quantia que instituições financeiras são obrigadas a deixar imobilizadas no BC) seria visto da mesma forma.


Texto Anterior: BC abranda as punições por descumprimento de lei cambial
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.