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Mantega prevê juro real de 5% até 2010
Segundo o ministro da Fazenda, próximo governo herda condições para crescer acima de 5% ao ano com estabilidade
Ele também prevê aumento do crédito para 50% do
PIB, queda da relação dívida-PIB para 44% e
risco-país de 200 pontos
ERNANE GUIMARÃES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem em
São Paulo que o Brasil tem condições de diminuir pela metade
os juros reais nos próximos
anos: "Ao longo do próximo
mandato presidencial, é possível que a taxa real de juros no
Brasil possa caminhar para um
patamar de cerca de 5%".
O valor, segundo ele, equivale
à taxa real de juros dos EUA somada a um risco-país por volta
de 200 pontos. O nível seria
baixo para o histórico brasileiro -atualmente, o risco-Brasil
ronda os 220 pontos-, mas similar ao risco atual de países
como a Venezuela.
A declaração, feita para uma
platéia de empresários durante
um fórum organizado pela Câmara Americana de Comércio,
foi acompanhada de dados positivos sobre a economia durante o governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição.
Mantega tentou desvincular
o discurso da perspectiva de
campanha eleitoral, afirmando
que o Brasil herdaria uma
"combinação única" de estabilidade com crescimento, tendo
condições de crescer mais de
5% ao ano, independentemente de quem assuma a Presidência. Ademais, idéias como a meta de superávit primário -para
ele- não seriam contrariadas
por concorrentes de Lula.
No entanto, Mantega recheou seu discurso com frases
como "o objetivo do governo é
continuar desonerando a carga
fiscal", ou que essa política fiscal possibilitaria "caminhar para um déficit nominal zero ao
longo do próximo mandato".
As projeções do ministro incluem a diminuição do volume
relativo da dívida brasileira
-hoje em torno de 50,3% do
PIB (produto interno bruto)-
para 44%, e o aumento do volume de crédito para 50% do PIB
em 2010. Segundo dados do
Banco Central, o crédito em junho chegou ao percentual mais
alto desde 2001, 32,6% do PIB
(R$ 654,69 bilhões).
Competição
Mantega disse que o "spread"
bancário (a diferença entre os
juros que os bancos pagam e o
que cobram ao consumidor de
crédito) precisa cair, de modo
que haja um "amadurecimento
do sistema financeiro brasileiro". "Há uma tendência a haver
competição no sistema financeiro", vaticinou.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, esteve
ontem presente ao mesmo
evento e disse compartilhar da
opinião de que as taxas de juros
brasileiras são muito elevadas e
devem ser reduzidas.
Segundo Meirelles, esse objetivo seria alcançado como
conseqüência da estabilidade
econômica. Com a previsibilidade da inflação, menos seria
cobrado pela incerteza em relação à economia. "Não cabe à autoridade financeira voltar ao
passado e tabelar preços, sabemos que isso não funciona."
Assim, a taxa básica de juros
definida pelo Comitê de Política Monetária do banco deveria
seguir a meta de inflação, e não
uma estratégia "ousada e voluntarista". O depósito compulsório (quantia que instituições financeiras são obrigadas
a deixar imobilizadas no BC)
seria visto da mesma forma.
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