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Tribunal paulista reconhece "morosidade"
Para o desembargador do TJ Celso Limongi, há excesso de ações e falta de recursos materiais no Judiciário do Estado
Poder Judiciário no país tem
109,7 mil funcionários e
seus gastos aumentaram
133% em dez anos; total
de pessoal subiu quase 30%
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo,
desembargador Celso Limongi,
reconhece que o Judiciário
paulista é lento e atribui a
maior parte dos problemas à
falta de recursos materiais.
"Que a Justiça paulista é morosa não há a menor dúvida",
afirma Limongi. "Mas é preciso
levar em conta que entram no
sistema 26 mil processos por
dia útil, o que equivale a 3.200
por hora."
O desembargador afirma que
a "cidade de São Paulo é um
enorme pólo econômico" e que
a situação vem se agravando
nos últimos anos com o crescimento das atividades no interior do Estado.
"São Paulo tem grandes empresas e, por conseqüência,
grandes conflitos, que acabam
tornando o Judiciário lento."
No final do ano passado, Limongi retirou da Prodesp
(Companhia de Processamento de Dados do Estado de São
Paulo) a responsabilidade pela
informatização da Justiça paulista e a transferiu para uma
empresa privada. Segundo ele,
o serviço "melhorou muito",
mas a média de cinco anos para
resolução de ações no Estado
ainda permanece.
Orçamento
O orçamento anual da Justiça paulista é de R$ 4 bilhões,
mas Limongi o considera "absolutamente insuficiente" e
afirma que o Judiciário deveria
ter autonomia total para elevar
gastos. Hoje, os repasses de recursos são feitos pelo Poder
Executivo, por determinação
da Constituição.
O Poder Judiciário tem
109.712 funcionários em todo o
país e seus gastos aumentaram,
em termos reais (acima da inflação), 133% nos últimos dez
anos. Em número de funcionários, houve um crescimento de
28%, e o salário médio para os
ativos no final do ano passado
atingia R$ 10.268.
Pessoal
Os gastos com pessoal do Judiciário, somados aos do Poder
Legislativo e do Ministério Público, já representam cerca de
20% do total despendido com
funcionários em todo o país,
embora essas três áreas concentrem apenas 8% do total de
servidores.
Em termos salariais, a média
do Judiciário só é inferior à do
Ministério Público, que atingiu
R$ 11.938 ao mês no final do
ano passado.
Parte desse aumento nos gastos é explicada pela Constituição de 1988, que concedeu autonomia e novas funções ao Poder Judiciário.
Oficiais de Justiça
Limongi afirma que o Estado
de São Paulo precisaria hoje
contratar cerca de 3.000 novos
oficiais de Justiça, mas que não
há verba para isso.
"Em São Paulo, cada desembargador também conta com
apenas dois assistentes, contra
três em Estados como o Rio
Grande do Sul", diz. No ranking
da pesquisa, o Judiciário gaúcho aparece como o terceiro
melhor do país.
O desembargador afirma que
"pode-se pensar" na criação de
Varas Empresariais, como as
do Estado do Rio, mas ele sustenta que apenas a maciça informatização do sistema poderá diminuir a morosidade da
Justiça paulista.
(FCZ)
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