São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

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Para Meirelles, alta dos juros não surtiu efeito

SHEILA D'AMORIM
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Os aumentos na taxa de juros anunciados pelo Banco Central neste ano ainda não surtiram efeito na inflação, na avaliação do presidente da instituição, Henrique Meirelles.
Apesar de a pesquisa semanal feita pelo BC com analistas de mercado mostrar um pequeno recuo nas projeções do IPCA (índice referência para o governo) de 2008, Meirelles diz que ainda é cedo para creditar isso à elevação dos juros.
"É um pouco prematuro ainda dizer até que ponto existe reflexo da política adotada neste ano."
Para Meirelles, o ambiente é de incertezas e também não é possível considerar que o preço internacional de commodities como alimentos, petróleo e minério chegou a um teto e recuará a partir de agora.
"Achamos um pouco prematuro ainda fazer uma previsão da evolução dos preços das commodities nos próximos meses ou no próximo ano", disse, em oposição a economistas que alegam que o valor desses produtos chegou a um limite.
Em discurso no seminário organizado pelo BC, ontem na sede do banco no Rio de Janeiro, para comemorar os dez anos do regime de metas de inflação no Brasil, Meirelles fez questão de destacar que, nesse sistema, "existem limites no emprego da política monetária".
Para o presidente do Banco Central de Israel, Stanley Fischer, o regime de metas de inflação enfrenta atualmente o seu maior desafio. Convidado especial para o seminário, ele enfatizou a necessidade, no atual cenário, de perseguir com vigor o centro da meta, embora existam margens de tolerância para acomodar choques. No Brasil, a meta para o IPCA (índice de referência para o governo) é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais.
"O sistema de metas flexível não é meta. Não se deve alterar a meta", afirmou.
"Os modelos do BC não são confiáveis porque tudo pode mudar a qualquer momento.
Ele [Fischer] pregou que não sejamos tão apegados a esses modelos. Devemos olhar mais no dia-a-dia", comentou Carlos Thadeu Filho, economista-chefe da administradora de recursos SLW. "O que está acontecendo com o preço dos alimentos não é bem captado pelos modelos [dos BCs]. São choques particulares", destacou Frank Smets, representante do Banco Central Europeu.


Colaborou CIRILO JUNIOR, da Folha Online, no Rio


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