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"Só ganhamos da empresa a morte de meu pai"
DA REPORTAGEM LOCAL
O carpinteiro Valdir
Laurentino de Brito, 42,
foi trabalhar no sábado,
dia 27 de junho, na mesma
obra na zona sul onde já
trabalhavam os dois filhos,
Vagno, 20, e Valdivan, 18.
"Era o segundo dia de
serviço dele, como terceirizado da R&A, que presta
serviço à construtora Porto Ferraz. E, em 20 anos, o
primeiro trabalho com registro em carteira", diz
Vagno. Na obra, o pai trabalhava na montagem de
uma bandeja de segurança
(proteção de madeira), para evitar a queda de materiais. Usava um cinto, preso a um cabo de aço, segundo o boletim de ocorrência registrado. "O cabo
rompeu e ele despencou
de uma altura de nove metros. Agora a perícia vai investigar o que ocorreu."
Valdir veio de Itapetim
(PE) há um ano porque estava desempregado. "Chegamos há nove meses. Há
pouco tempo conseguimos emprego na mesma
obra. Eu já fazia planos para estudar direito. Tudo
mudou. Vamos voltar para
Pernambuco."
Segundo Vagno, ele e o
irmão foram demitidos
após a morte do pai. "Trabalhei 15 dias, meu irmão,
oito. Não recebemos nada.
Só a morte de meu pai."
Há sete dias, a Folha
procura a R&A, mas não
obteve resposta. A Porto
Ferraz informou que Valdir usava "todos os equipamentos de proteção". A
obra está embargada, segundo fiscais, que informam ter autuado a Porto
por falta de equipamentos
de proteção coletiva.
(CR)
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