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Múltis do país mantêm expansão externa
Apesar de crise, operações em outros países ganham peso nas múltis brasileiras em termos de receita, ativos e empregados
Mesmo com retração das
aquisições no exterior em
2009, tendência de médio
prazo é de retomada do
interesse por estrangeiras
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com o agravamento
da crise internacional, em setembro passado, as operações
no exterior ganharam importância e peso para as multinacionais brasileiras em 2008.
É o que mostra a pesquisa
"Ranking Transnacionais Brasileiras 2009", da Fundação
Dom Cabral (FDC).
As 20 empresas brasileiras
mais internacionalizadas já
têm quase 30% de seus ativos e
funcionários no exterior. As receitas provenientes de outros
países respondem por mais de
25% do total, e os três indicadores -receitas, ativos e funcionários- vêm crescendo ano a
ano, desde 2006.
Segundo os pesquisadores da
FDC, apesar de o investimento
brasileiro em outros países ter
diminuído no primeiro semestre deste ano, a tendência é que
a internacionalização e o interesse por aquisições no exterior
continuem crescendo. "Os empresários estão "cautelosamente otimistas" ", diz Álvaro Cyrino, professor da FDC. "Apesar
de a liquidez no mercado internacional ainda permanecer
restrita, a valorização do real e
a depreciação dos ativos no exterior gerarão oportunidades
no médio prazo."
Mas, por enquanto, o que se
vê é a reversão da tendência favorável de investimentos externos. Segundo o Banco Central, de janeiro a junho de 2008
as empresas brasileiras investiram US$ 8,5 bilhões em outros
países. Já no mesmo período de
2009, os investimentos foram
negativos em US$ 2 bilhões. Isso significou que houve mais
entrada nas empresas de recursos de fora do que aportes nas
operações estrangeiras.
Os motivos, explica Jase
Ramsey, coordenador do Núcleo de Estudos Internacionais
da FDC, estão ligados à crise.
Em muitos setores, como construção, aço e mineração, as operações no exterior encolheram,
com retração dos mercados internacionais. Além disso, as incertezas sobre as perspectivas
no exterior, bem como o baixo
impacto da crise no mercado
nacional, fizeram com que as
empresas trouxessem recursos
para o país. "Mesmo assim, passada a turbulência, o fluxo de
investimentos no exterior continuará crescendo nos próximos anos", diz Ramsey.
Representantes de algumas
empresas, como Marfrig e Artecola, presentes na divulgação
da pesquisa, confirmaram a expectativa. Para eles, além de reduzir riscos, a internacionalização tem sido usada principalmente para reduzir o peso das
commodities em sua receita.
Outro ponto destacado pelas
empresas é a perspectiva de aumento no lucro nas operações
estrangeiras a partir de 2010.
Hoje, as margens operacionais
são menores lá fora do que no
país. Porém, o saldo da primeira crise enfrentada pelas empresas após a expansão externa
é considerado positivo.
Apesar de não ter havido mudança no ranking das empresas
mais internacionalizadas, o peso das operações estrangeiras
aumentou para quase todas as
41 empresas ouvidas na pesquisa, patrocinada pela KPMG.
Em números absolutos, a Vale tem o maior número de ativos e presença em diferentes
países. São R$ 96 bilhões, em
33 países. Já a empresa mais internacionalizada continua sendo a Gerdau, seguida de Sabó e
Marfrig. Aracruz e Camargo
Corrêa perderam algumas posições no ranking, enquanto
Perdigão e Randon lideram expansão externa.
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