São Paulo, quarta-feira, 05 de agosto de 2009

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Múltis do país mantêm expansão externa

Apesar de crise, operações em outros países ganham peso nas múltis brasileiras em termos de receita, ativos e empregados

Mesmo com retração das aquisições no exterior em 2009, tendência de médio prazo é de retomada do interesse por estrangeiras


CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com o agravamento da crise internacional, em setembro passado, as operações no exterior ganharam importância e peso para as multinacionais brasileiras em 2008.
É o que mostra a pesquisa "Ranking Transnacionais Brasileiras 2009", da Fundação Dom Cabral (FDC).
As 20 empresas brasileiras mais internacionalizadas já têm quase 30% de seus ativos e funcionários no exterior. As receitas provenientes de outros países respondem por mais de 25% do total, e os três indicadores -receitas, ativos e funcionários- vêm crescendo ano a ano, desde 2006.
Segundo os pesquisadores da FDC, apesar de o investimento brasileiro em outros países ter diminuído no primeiro semestre deste ano, a tendência é que a internacionalização e o interesse por aquisições no exterior continuem crescendo. "Os empresários estão "cautelosamente otimistas" ", diz Álvaro Cyrino, professor da FDC. "Apesar de a liquidez no mercado internacional ainda permanecer restrita, a valorização do real e a depreciação dos ativos no exterior gerarão oportunidades no médio prazo."
Mas, por enquanto, o que se vê é a reversão da tendência favorável de investimentos externos. Segundo o Banco Central, de janeiro a junho de 2008 as empresas brasileiras investiram US$ 8,5 bilhões em outros países. Já no mesmo período de 2009, os investimentos foram negativos em US$ 2 bilhões. Isso significou que houve mais entrada nas empresas de recursos de fora do que aportes nas operações estrangeiras.
Os motivos, explica Jase Ramsey, coordenador do Núcleo de Estudos Internacionais da FDC, estão ligados à crise. Em muitos setores, como construção, aço e mineração, as operações no exterior encolheram, com retração dos mercados internacionais. Além disso, as incertezas sobre as perspectivas no exterior, bem como o baixo impacto da crise no mercado nacional, fizeram com que as empresas trouxessem recursos para o país. "Mesmo assim, passada a turbulência, o fluxo de investimentos no exterior continuará crescendo nos próximos anos", diz Ramsey.
Representantes de algumas empresas, como Marfrig e Artecola, presentes na divulgação da pesquisa, confirmaram a expectativa. Para eles, além de reduzir riscos, a internacionalização tem sido usada principalmente para reduzir o peso das commodities em sua receita.
Outro ponto destacado pelas empresas é a perspectiva de aumento no lucro nas operações estrangeiras a partir de 2010. Hoje, as margens operacionais são menores lá fora do que no país. Porém, o saldo da primeira crise enfrentada pelas empresas após a expansão externa é considerado positivo.
Apesar de não ter havido mudança no ranking das empresas mais internacionalizadas, o peso das operações estrangeiras aumentou para quase todas as 41 empresas ouvidas na pesquisa, patrocinada pela KPMG.
Em números absolutos, a Vale tem o maior número de ativos e presença em diferentes países. São R$ 96 bilhões, em 33 países. Já a empresa mais internacionalizada continua sendo a Gerdau, seguida de Sabó e Marfrig. Aracruz e Camargo Corrêa perderam algumas posições no ranking, enquanto Perdigão e Randon lideram expansão externa.


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