UOL


São Paulo, sexta-feira, 05 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAPITAL EXTERNO

Entre os emergentes, participação do país caiu de 9,6% em 2001 para 8,7% em 2002

Brasil perde espaço na atração de investimento

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil continuará a perder espaço neste ano em relação aos demais países emergentes na atração de investimento direto estrangeiro (IDE). A previsão foi feita pela Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), ontem, na apresentação do relatório sobre o fluxo de IDE no mundo, elaborado pela Unctad (o braço da ONU para o Comércio e Desenvolvimento).
Em 2001, o Brasil atraiu US$ 22,5 bilhões de investimento direto estrangeiro, o equivalente a 2,7% do total global (de US$ 823 bilhões). Significava também 9,6% dos US$ 234 bilhões que seguiram para os emergentes.
No ano passado, o IDE mundial recuou para US$ 651 bilhões (queda de 21% ante 2001). O país recebeu menos em valores absolutos, US$ 16,5 bilhões, e viu sua participação entre os emergentes recuar de novo: os US$ 16,5 bilhões representaram 8,7% dos US$ 191 bilhões destinados aos emergentes -a fatia brasileira no fluxo global oscilou pouco, para 2,5%.
O Brasil foi o 12º país que mais atraiu investimentos estrangeiros no ano passado, de acordo com o relatório da Unctad. Mesmo assim, entre os emergentes ficou abaixo somente da China.
Neste ano, a previsão da Sobeet é que o Brasil receba US$ 10 bilhões -a mesma estimativa do BC. O que representaria apenas 5,3% dos US$ 191 bilhões estimados em IDE para os emergentes. Com ingressos de US$ 10 bilhões, cairia também, para 1,5%, a participação no bolo global -o fluxo de IDE no mundo será de US$ 650 bilhões, estima a Sobeet.
A perda de terreno assume contornos latino-americanos. Em 2002, os fluxos de investimentos para os países emergentes da região caiu 30% -de US$ 83,725 bilhões, em 2001, para US$ 56,01 bilhões. No México, caiu de US$ 25,3 bilhões para US$ 13,6 bilhões. Pior ocorreu à Argentina: amealhou não mais que US$ 1 bilhão em IDE no ano passado, 10% de sua média anual na década de 90. Tal qual o Brasil, perderão espaço na divisão mundial neste ano.
"O capital que deixou de ser investido no Brasil e na América Latina tomou o rumo da China, outros asiáticos e Leste Europeu", diz Antônio Corrêa de Lacerda, presidente da Sobeet. "Os países latinos ou são afetados por crises próprias [no caso do Brasil, a atribuída ao processo eleitoral] ou pelas crises dos outros."
Ao avaliar o desempenho brasileiro, Lacerda e Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco e conselheiro da Sobeet, classificaram o desempenho deste ano como "um ponto fora da curva". O argumento é que, como o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro representa 2,5% do PIB mundial, a participação do IDE teria que ser no mesmo nível. E essa retomada ocorrerá em 2004, acompanhada do crescimento da economia. "Falta uma política de atração de investimentos que esses países que estão ganhando espaço têm", diz Lacerda.
Barros evocou mais problemas. "Precisamos de um choque de previsibilidade, que passa não apenas por manutenção de inflação baixa e "amadurecimento" do sistema de câmbio flutuante mas pela fixação de marco regulatório de setores como de energia."


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frase
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.