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CAPITAL EXTERNO
Entre os emergentes, participação do país caiu de 9,6% em 2001 para 8,7% em 2002
Brasil perde espaço na atração de investimento
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil continuará a perder espaço neste ano em relação aos demais países emergentes na atração de investimento direto estrangeiro (IDE). A previsão foi
feita pela Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas
Transnacionais e da Globalização
Econômica), ontem, na apresentação do relatório sobre o fluxo de
IDE no mundo, elaborado pela
Unctad (o braço da ONU para o
Comércio e Desenvolvimento).
Em 2001, o Brasil atraiu
US$ 22,5 bilhões de investimento
direto estrangeiro, o equivalente a
2,7% do total global (de US$ 823
bilhões). Significava também
9,6% dos US$ 234 bilhões que seguiram para os emergentes.
No ano passado, o IDE mundial
recuou para US$ 651 bilhões (queda de 21% ante 2001). O país recebeu menos em valores absolutos,
US$ 16,5 bilhões, e viu sua participação entre os emergentes recuar
de novo: os US$ 16,5 bilhões representaram 8,7% dos US$ 191 bilhões destinados aos emergentes
-a fatia brasileira no fluxo global
oscilou pouco, para 2,5%.
O Brasil foi o 12º país que mais
atraiu investimentos estrangeiros
no ano passado, de acordo com o
relatório da Unctad. Mesmo assim, entre os emergentes ficou
abaixo somente da China.
Neste ano, a previsão da Sobeet
é que o Brasil receba US$ 10 bilhões -a mesma estimativa do
BC. O que representaria apenas
5,3% dos US$ 191 bilhões estimados em IDE para os emergentes.
Com ingressos de US$ 10 bilhões,
cairia também, para 1,5%, a participação no bolo global -o fluxo
de IDE no mundo será de US$ 650
bilhões, estima a Sobeet.
A perda de terreno assume contornos latino-americanos. Em
2002, os fluxos de investimentos
para os países emergentes da região caiu 30% -de US$ 83,725 bilhões, em 2001, para US$ 56,01 bilhões. No México, caiu de US$
25,3 bilhões para US$ 13,6 bilhões.
Pior ocorreu à Argentina: amealhou não mais que US$ 1 bilhão
em IDE no ano passado, 10% de
sua média anual na década de 90.
Tal qual o Brasil, perderão espaço
na divisão mundial neste ano.
"O capital que deixou de ser investido no Brasil e na América Latina tomou o rumo da China, outros asiáticos e Leste Europeu",
diz Antônio Corrêa de Lacerda,
presidente da Sobeet. "Os países
latinos ou são afetados por crises
próprias [no caso do Brasil, a atribuída ao processo eleitoral] ou
pelas crises dos outros."
Ao avaliar o desempenho brasileiro, Lacerda e Octávio de Barros,
economista-chefe do Bradesco e
conselheiro da Sobeet, classificaram o desempenho deste ano como "um ponto fora da curva". O
argumento é que, como o PIB
(Produto Interno Bruto) brasileiro representa 2,5% do PIB mundial, a participação do IDE teria
que ser no mesmo nível. E essa retomada ocorrerá em 2004, acompanhada do crescimento da economia. "Falta uma política de
atração de investimentos que esses países que estão ganhando espaço têm", diz Lacerda.
Barros evocou mais problemas.
"Precisamos de um choque de
previsibilidade, que passa não
apenas por manutenção de inflação baixa e "amadurecimento" do
sistema de câmbio flutuante mas
pela fixação de marco regulatório
de setores como de energia."
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