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Crescimento global tende a ritmo mais moderado em 2007
No ano que vem, EUA devem crescer 0,5 ponto percentual a menos que em 2006, segundo previsão atribuída ao FMI
Expansão prevista para o mundo em 2007 será de 4,9%, ante 5,1% neste ano; analistas crêem que ciclo de forte avanço vá terminar
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do melhor período de
bonança e crescimento das últimas três décadas, a economia
mundial, com os EUA à frente,
deve começar a desacelerar para um ritmo mais moderado a
partir do próximo ano.
Segundo as previsões de relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) citado pela
agência de notícias italiana Ansa, o mundo voltará a ter um
crescimento excepcional em
2006. Deve crescer 5,1%, puxado, especialmente, por EUA
(3,4%) e China (10%).
No ano que vem, a desaceleração atingirá principalmente
os EUA, a maior economia do
planeta, e a União Européia.
O FMI estima que os EUA diminuirão em 0,5 ponto percentual (para 2,9%) o crescimento
em 2007, e a União Européia,
em 0,4 ponto (para 2%).
O crescimento da gigante
emergente China continuará
firme, em torno de 10%, tanto
neste ano quanto no próximo,
segundo as informações da Ansa, citando os dados do Fundo.
Patamar mais modesto
Na média, o crescimento previsto para o mundo em 2007
será de 4,9%, uma taxa ainda
bastante elevada e superior aos
4,8% de 2005. Muitos analistas
acreditam, no entanto, que, a
exemplo de outros ciclos econômicos, a tendência agora é de
desaceleração até um patamar
mais modesto do que o atual.
Os últimos quatros anos
(2006 incluso) tiveram as melhores taxas de crescimento
desde 1976, ano em que o mundo finalmente desacelerou em
meio à crise gerada por forte alta nos preços do petróleo.
Como os EUA são o maior
parceiro comercial dos principais países do mundo, inclusive
do Brasil, a tendência da economia mundial no ano que vem ficará bastante atrelada ao desempenho norte-americano.
Todas as projeções do relatório do FMI "Perspectivas para a
Economia Mundial", inclusive
para o Brasil, serão divulgadas
na semana que vem em Cingapura, na Ásia, quando o Fundo
realiza a sua reunião anual.
As mais recentes análises do
FMI e de outros organismos
não indicam nenhum cenário
de abrupta desaceleração, inclusive porque a China deve
continuar com taxas altas e favorecendo outras economias
emergentes exportadoras de
commodities -como o Brasil.
Ontem, pesquisa feita pelo
Banco Central mostrou que o
mercado brasileiro reduziu para 3,2% a expectativa de crescimento do país neste ano. Se
confirmada, a taxa ficará abaixo
da prevista para o mundo e para a América Latina.
Menos que a África
No final da semana passada, a
Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento) previu que o
crescimento latino-americano
será de 4,6% neste ano.
Os 3,2% previstos para o Brasil na pesquisa realizada pelo
BC serão equivalentes quase
que à metade do crescimento
esperado pela Unctad para a
África (5,9%).
Do ponto de vista do Brasil, o
principal interesse na reunião
de Cingapura será uma reforma que o FMI pretende fazer
no seu sistema de cotas, que determina a participação dos
membros nas suas decisões.
A tendência é a de um resultado negativo para o Brasil. Na
semana passada, o diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato,
anunciou que o órgão pretende
aumentar somente o peso de
China, México, Coréia do Sul e
Turquia nas suas decisões.
Voto contrário
O Brasil e demais emergentes excluídos da lista, e que vinham insistindo nas mudanças
há vários semestres, agora planejam votar contra a reforma.
O formato anunciado por Rato, porém, tem o apoio dos EUA
e da maioria dos europeus, os
maiores sócios do Fundo.
Hoje, como reflexo da concepção do FMI em 1944, um
país como a Holanda, com uma
economia bem menor que a da
China, tem poder de voto quase
igual ao do gigante asiático.
Mesmo o Brasil, com uma
economia de tamanho duas vezes maior que a da Bélgica, tem
representatividade menor:
1,41%, contra 2,13% dos belgas.
Em Cingapura, o Brasil também vai insistir na criação de
uma linha de crédito especial a
países que não tenham um programa formal com o órgão. A
idéia também é alvo de resistências.
(FERNANDO CANZIAN)
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