São Paulo, terça-feira, 05 de setembro de 2006

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Crescimento global tende a ritmo mais moderado em 2007

No ano que vem, EUA devem crescer 0,5 ponto percentual a menos que em 2006, segundo previsão atribuída ao FMI

Expansão prevista para o mundo em 2007 será de 4,9%, ante 5,1% neste ano; analistas crêem que ciclo de forte avanço vá terminar

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do melhor período de bonança e crescimento das últimas três décadas, a economia mundial, com os EUA à frente, deve começar a desacelerar para um ritmo mais moderado a partir do próximo ano.
Segundo as previsões de relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) citado pela agência de notícias italiana Ansa, o mundo voltará a ter um crescimento excepcional em 2006. Deve crescer 5,1%, puxado, especialmente, por EUA (3,4%) e China (10%).
No ano que vem, a desaceleração atingirá principalmente os EUA, a maior economia do planeta, e a União Européia.
O FMI estima que os EUA diminuirão em 0,5 ponto percentual (para 2,9%) o crescimento em 2007, e a União Européia, em 0,4 ponto (para 2%).
O crescimento da gigante emergente China continuará firme, em torno de 10%, tanto neste ano quanto no próximo, segundo as informações da Ansa, citando os dados do Fundo.

Patamar mais modesto
Na média, o crescimento previsto para o mundo em 2007 será de 4,9%, uma taxa ainda bastante elevada e superior aos 4,8% de 2005. Muitos analistas acreditam, no entanto, que, a exemplo de outros ciclos econômicos, a tendência agora é de desaceleração até um patamar mais modesto do que o atual.
Os últimos quatros anos (2006 incluso) tiveram as melhores taxas de crescimento desde 1976, ano em que o mundo finalmente desacelerou em meio à crise gerada por forte alta nos preços do petróleo.
Como os EUA são o maior parceiro comercial dos principais países do mundo, inclusive do Brasil, a tendência da economia mundial no ano que vem ficará bastante atrelada ao desempenho norte-americano.
Todas as projeções do relatório do FMI "Perspectivas para a Economia Mundial", inclusive para o Brasil, serão divulgadas na semana que vem em Cingapura, na Ásia, quando o Fundo realiza a sua reunião anual.
As mais recentes análises do FMI e de outros organismos não indicam nenhum cenário de abrupta desaceleração, inclusive porque a China deve continuar com taxas altas e favorecendo outras economias emergentes exportadoras de commodities -como o Brasil.
Ontem, pesquisa feita pelo Banco Central mostrou que o mercado brasileiro reduziu para 3,2% a expectativa de crescimento do país neste ano. Se confirmada, a taxa ficará abaixo da prevista para o mundo e para a América Latina.

Menos que a África
No final da semana passada, a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) previu que o crescimento latino-americano será de 4,6% neste ano.
Os 3,2% previstos para o Brasil na pesquisa realizada pelo BC serão equivalentes quase que à metade do crescimento esperado pela Unctad para a África (5,9%).
Do ponto de vista do Brasil, o principal interesse na reunião de Cingapura será uma reforma que o FMI pretende fazer no seu sistema de cotas, que determina a participação dos membros nas suas decisões.
A tendência é a de um resultado negativo para o Brasil. Na semana passada, o diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, anunciou que o órgão pretende aumentar somente o peso de China, México, Coréia do Sul e Turquia nas suas decisões.

Voto contrário
O Brasil e demais emergentes excluídos da lista, e que vinham insistindo nas mudanças há vários semestres, agora planejam votar contra a reforma.
O formato anunciado por Rato, porém, tem o apoio dos EUA e da maioria dos europeus, os maiores sócios do Fundo.
Hoje, como reflexo da concepção do FMI em 1944, um país como a Holanda, com uma economia bem menor que a da China, tem poder de voto quase igual ao do gigante asiático.
Mesmo o Brasil, com uma economia de tamanho duas vezes maior que a da Bélgica, tem representatividade menor: 1,41%, contra 2,13% dos belgas.
Em Cingapura, o Brasil também vai insistir na criação de uma linha de crédito especial a países que não tenham um programa formal com o órgão. A idéia também é alvo de resistências. (FERNANDO CANZIAN)

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