São Paulo, terça-feira, 05 de outubro de 2004

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AGROFOLHA

Aumento de insumos e queda no preço das commodities diminuem renda do agricultor e devem reduzir saldo comercial

Custos maiores ameaçam boom agrícola

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O setor agrícola, um dos que mais movimentaram a economia nos últimos anos, vai ter forte queda de receita na safra 2004/5. Elevação de custos e queda nos preços dos produtos são as principais causas dessa perda de renda.
Essa perda no campo poderá se refletir na redução do superávit comercial e em outros setores da economia, com redução de vendas de máquinas agrícolas, implementos, insumos, veículos etc.
Os tratores já começam a entrar em campo para o início do plantio da safra de verão no país, mas levam custos bem mais salgados do que os da safra anterior.
O problema maior é que a elevação de custos é acompanhada por uma forte queda nos preços das commodities. Os produtores que não aumentarem produtividade poderão ter problemas para cobrir os gastos. No caso da soja, por exemplo, considerando apenas os itens de maior peso, o aumento dos custos de produção, em reais, será de 23% para os paranaenses, diz o analista José Pitoli.
Quando a comparação é feita em sacas de soja, no entanto, esse aumento será de 79%. Em seus cálculos, os custos de produção dos itens essenciais para a produção sobem para R$ 893 por hectare nesta safra que começa, contra R$ 654 na anterior.
Pitoli alerta, no entanto, que, enquanto no ano passado os produtores precisavam de apenas 15,6 sacas de soja para cobrir os custos de produção de um hectare, neste ano são necessárias 27,9 sacas. A saca de soja recuou de R$ 42, em outubro do ano passado, para R$ 32 neste ano.

Alta para todos
Cálculos do Deral (Departamento de Economia Rural), órgão da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, mostram que a aceleração dos custos não se refere apenas à soja, mas engloba todos os principais produtos plantados no Estado.
Para produzir uma saca de milho nesta safra de 2004/5, os produtores paranaenses vão gastar R$ 17,30, valor que supera em 42% o da safra passada. Nos últimos dois anos, a alta é de 106%.
No caso do trigo, o custo deste ano superou em 12% o de 2003, mas acumula alta de 59% nas duas últimas safras. Já os custos de produção da soja acumulam alta de 57% de 2002 a 2004.
Os dados do Deral para calcular os custos levam em consideração não só os fatores variáveis (sementes, fertilizantes e agrotóxicos), mas também os fixos (depreciação das máquinas) e os de remuneração do capital e da terra.
Cálculos feitos por cooperativas para seus associados mostram que os maiores pesos no bolso dos produtores virão de adubos e fertilizantes. Uma cooperativa do norte do Paraná estimou em 33,8% a evolução desse insumo básico. Em Mato Grosso do Sul, outra cooperativa diz que os produtores, dependendo da região em que estão, pagam de 35% a 40% a mais pelos fertilizantes.


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