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Indústria retoma alta e cresce 5,3% no ano
Após julho fraco, setor registra expansão de 1,3% em agosto e supera previsões de especialistas; IBGE vê crescimento "generalizado"
Para o instituto, ritmo do setor, que supera o da inflação, vai se manter nos próximos meses e puxará resultado do PIB em 2007
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Após retração de 0,4% em julho, a produção industrial voltou a crescer com força em
agosto. A alta foi de 1,3% na taxa
com ajuste sazonal, comparada
ao mês anterior, resultado superior às previsões do mercado.
Em relação a agosto de 2006, a
expansão foi de 6,6%, segundo
o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Para o coordenador de indústria do IBGE, Sílvio Sales, o setor cresceu de modo "generalizado" e retomou trajetória positiva iniciada em outubro de
2006 e só interrompida em julho. "Vimos o dado de julho como uma acomodação", avaliou.
Puxaram a alta em agosto os
setores de alimentos (3,7%),
veículos automotores (3,3%),
máquinas e equipamentos
(3,7%) e material eletrônico e
de comunicações (6,7%).
Diante do bom desempenho,
diz Sales, a indústria deve se
manter aquecida até o final do
ano graças à abundante oferta
de crédito e à evolução positiva
do mercado de trabalho -massa salarial e emprego em alta.
Sales ressaltou ainda que
neste ano o perfil de crescimento da indústria é bastante
salutar. Citou o fato de a produção subir mais que a inflação,
algo que não ocorria havia muito tempo e que sinaliza a sustentabilidade e a qualidade do
crescimento da indústria.
De janeiro a agosto, a indústria cresceu 5,3%, mais que os
2,8% do IPCA acumulado no
período. No fechamento do
ano, prevê, tal tendência será
mantida. Em 12 meses encerrados em agosto, a produção subiu 4,5%, maior marca desde
agosto de 2005.
Sérgio Vale, economista da
MB Associados, afirma que o
setor se beneficia da redução
dos juros, responsável pelo incremento da demanda doméstica, que, por sua vez, vai se
manter aquecida pelo menos
até o final do ano.
"Não acredito que a economia esteja em desaceleração. A
demanda está muito vigorosa.
Em setembro, a indústria deve
ter se acelerado. Estimo um
crescimento próximo a 6% neste ano", afirma Vale.
Para o economista, os juros
menores impulsionam o setor
neste ano. "A indústria será o
carro-chefe do PIB no ano."
Apesar da expansão contínua
da produção de máquinas e
equipamentos, vários especialistas esperam que o BC (Banco
Central) interrompa a queda
dos juros na próxima reunião
do Copom. A categoria de bens
de capital cresceu 4% na comparação com julho e 21% em relação a agosto de 2006.
Investimento e inflação
Para Marcela Prada, tal desempenho afasta o risco de
pressão inflacionária, pois indica o incremento da "capacidade
produtiva no futuro". Ainda assim, diz, ela não acredita em
queda da Selic na reunião de
outubro do Copom. "O BC tende a ser mais cauteloso."
Segundo Vale, da MB, o BC já
mira na inflação de 2008 e de
2009 -que, neste último caso,
já corre risco de ficar acima do
centro da meta (de 4,5%). Há
uma pressão especialmente de
preços de serviços, diz, o que
justifica a apreensão do BC,
apesar de ainda existir capacidade ociosa e de a produção de
bens de capital estar crescendo.
Para Sales, do IBGE, o bom
desempenho de bens de capital
revela que a indústria não sofre
com eventual gargalo de produção, que, em tese, poderia pressionar preços. "Não há risco de
bater no teto da capacidade instalada." Ou seja, existe espaço
para novos cortes nos juros.
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