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Fundo dos EUA quer sair da VarigLog, diz sócio brasileiro
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O empresário Marco Antonio Audi, um dos sócios brasileiros do fundo americano Matlin Patterson, disse à Folha que o fundo está criando um
pretexto para retirar os recursos da empresa e sair do país.
O fundo cobra na Justiça em
São Paulo e em Nova York cerca de R$ 360 milhões referentes a empréstimos para a manutenção da VarigLog, companhia de transporte de cargas
que detém 47% de participação
no mercado doméstico e 20%
no internacional.
A VarigLog é uma ex-subsidiária da Varig. Foi adquirida
pela Volo do Brasil, que tem como acionistas o fundo americano e três investidores brasileiros (Audi, Luiz Eduardo Gallo e
Marcos Haftel).
Com o agravamento da crise
da Varig, a ex-subsidiária acabou por comprar as operações
da companhia aérea. Neste
ano, a Varig foi revendida para
a Gol. Os acionistas divergem
sobre o destino dos recursos
referentes à venda da Varig.
A Gol pagou US$ 98 milhões
em dinheiro, US$ 172 milhões
em ações e um montante em
debêntures (títulos de dívida).
Na Justiça, o Matlin conseguiu
o bloqueio de parte das ações e
acusa os brasileiros de depositar os US$ 98 milhões em dinheiro na Suíça e de ter gasto
US$ 13 milhões desse total sem
que isso fosse registrado na
contabilidade da empresa, segundo a Folha apurou.
Além disso, acusam a venda
de 1,5 milhão de ações da Gol,
com lucro estimado de US$ 30
milhões, sem que tenham sido
computados no caixa.
Segundo João Luís de Sousa,
presidente da VarigLog, a companhia possui contas abertas
em diversos países e os recursos têm sido usados na manutenção das operações da empresa. "Temos contas na Suíça, na Alemanha, nos EUA e em
vários países latino-americanos. Tenho 49 anos de trabalho
no setor e, se tivesse ocorrido
qualquer impropriedade, isso
não passaria despercebido."
Sousa disse que a data prevista em contrato para o pagamento dos empréstimos é 2011
e que nada fará a empresa antecipar o vencimento.
"Eles querem sair, só faz isso
quem quer destruir o negócio",
disse Audi. Segundo ele, as partes praticamente não conversam mais. "Na última reunião
que tive com Lap [Chan, executivo do Matlin Patterson], disse
que ele podia não gostar de
mim, mas que tinha de agir como profissional. Não foi o que
aconteceu", disse.
Segundo Audi, a previsão é
que o pagamento em ações seja
feito de forma escalonada e a
venda dos papéis foi usada em
projetos da própria empresa.
"Temos nossas contas auditadas pela Ernst & Young."
O bloqueio das ações e dos
recursos no exterior já prejudica as operações da companhia,
de acordo com Audi. O empresário diz que os planos previam
a abertura de capital da empresa em 2008, o que abriria espaço para a saída do Matlin Patterson, mas que o fundo não estava disposto a esperar. "No
momento, a empresa não sobrevive a essa saída. Escolhi o
Matlin como acionista porque
ele estipulou ficar até 2011."
Chan nega que o fundo esteja
disposto a sair do país e disse
que nunca houve comunicado
formal sobre como os recursos
foram aplicados. "Quando há
US$ 100 milhões em caixa, as
coisas mudam um pouco. Não
fomos informados de nada."
De acordo com Chan, o Matlin, que recentemente abriu
escritório em São Paulo, pretende aumentar os investimentos no país e continuar na
VarigLog. "Acreditamos na lei
de recuperação judicial no caso
da Varig e na legislação brasileira. A VarigLog ainda tem
muito para crescer. Não é hora
de vender", afirmou. Ele também disse que o fundo continua injetando recursos na
companhia, o que Audi nega.
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