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Sem reformas, Fundo voltará à "irrelevância", ameaça Mantega
DO ENVIADO A ISTAMBUL
O governo brasileiro voltou a
insistir em que a reforma do
sistema de representatividade
dos países no FMI conceda um
aumento de sete pontos percentuais aos emergentes, e não
apenas os cinco pontos acordados no G20 há dez dias.
Em discurso ontem diante do
comitê financeiro do Fundo, o
ministro Guido Mantega (Fazenda) exortou os países-membros a acelerar a reforma e dar
mais voz aos emergentes.
"Claro que há um outro cenário. Com a crise perdendo força, o Fundo pode voltar à sua irrelevância e se tornar novamente uma instituição atormentada por dúvidas existenciais. E os países vão buscar
proteção acumulando reservas
elevadas para evitar o custo político de ter de recorrer ao
FMI", afirmou Mantega. "Não
é isso o que queremos."
Antes da atual crise global, o
FMI vinha perdendo rapidamente influência e estava deficitário, já que não havia países
em crise tomando dinheiro emprestado a juros do órgão.
O argumento da Fazenda e
dos outros membros do Bric
(Brasil, Rússia, Índia e China) é
que sete pontos a mais na participação dividiria praticamente
à metade o peso entre emergentes e países ricos no Fundo.
Em seu pronunciamento, Timothy Geithner, secretário do
Tesouro dos EUA (maior sócio
do FMI e único país com poder
de veto), afirmou que os emergentes devem receber "pelo
menos" cinco pontos a mais
nas cotas e cobrou agilidade do
FMI para a mudança.
Ele disse também que nenhuma reforma no comitê-executivo do Fundo poderá reduzir o número de cadeiras dos
emergentes. Os EUA defendem
um corte de 24 para 20 vagas no
comitê à custa dos europeus.
Questionado sobre a insistência do Brasil pelos sete pontos, o diretor-gerente do FMI,
Dominique Strauss-Kahn, disse que o acordo do G20 prevê
cinco pontos. "O Bric quer
mais, e outros países, menos."
Ele disse que, dos pontos
acertados ontem, um dos mais
importantes é a criação do
"Exercício de Alerta Preventivo", em que o FMI passará a fazer correlações entre seus países-membros. A ideia é examinar individualmente, regionalmente e globalmente as várias
hipóteses de crise que podem
surgir a partir de desequilíbrios
de regiões específicas ou países.
Outra prioridade do FMI será elaborar um fundo acessível
a todos os seus 186 membros
que substitua as reservas internacionais que cada país acumula individualmente.
O Brasil é favorável à ideia,
mas quer que o saque seja automático e sem nenhuma condição. Strauss-Kahn concorda,
mas diz que ainda é muito cedo
para imaginar como será o mecanismo de funcionamento
desse fundo.
(FCZ)
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